Aos 64 anos, João Carlos Diehl comemorava o encerramento de um tratamento de saúde, em que havia retirado um cateter do coração no último dia 5. Na sexta-feira (22) à noite, estava em seu posto de gasolina, acompanhado da esposa e de uma vizinha. Os três foram vítimas de um assalto, ao qual João Carlos teria reagido e morto a tiros.
—Na hora do assalto, ele estava ali encerrando o dia, provavelmente. Ninguém viu nem ouviu nada, só depois que os homens saíram foi que elas conseguiram pedir socorro e chamar a ambulância, mas daí já era tarde. Pra nós, é muito triste, ainda mais da forma que foi, sem podermos fazer nada — relata o sobrinho Ademir Renato Satler.
Antes de dedicar-se ao posto, o sobrinho relembra que João Carlos iniciou a carreira como mecânico, e viveu assim por quase 10 anos. Foi só depois, cerca de 30 anos atrás, que ele iniciou o negócio no ramo de combustíveis, com o pai de Ademir.
— O posto era tudo pra ele, se tornou a vida dele. Foi dali que ele educou e encaminhou os filhos. Ele tinha muito orgulho do trabalho que construiu ali, era realmente a vida dele, ele era o posto — define.
A filha mais nova, Joceli Diehl, 33 anos, conta que a história de vida do pai está relacionada ao posto de combustível. Em uma triste coincidência, ela relembra que 18 anos atrás, também no mês de setembro, o pai já tinha sido atingido em um assaltado no posto de combustíveis:
— A vida dele era trabalhar, ele era uma pessoa honesta e muito trabalhadora. Ele estava ali de segunda a segunda, a gente até dizia para ele sair um pouco. Mas é assim que vamos nos lembrar dele, alguém que trabalhou até o último minuto.
O vizinho Carlos de Gois, 80 anos, conta que ficou sabendo da morte do amigo pelas redes sociais. Juntos, eles participavam de um grupo de orações, e estavam sempre em contato:
— A perda pra mim é como se fosse de um irmão, ele era um vizinho muito querido, do coração mesmo. Estava sempre ajudando todo mundo. Lamento muito, ele vai fazer muita falta.
Joao Carlos Diehl deixa a esposa, dois filhos, duas netas, nora e genro. O velório ocorre neste sábado, no CTG Seiva Pampeana. Após, o corpo deve ser cremado em Passo Fundo.
A investigação
A investigação do crime segue sob responsabilidade do delegado Marcelo Gasparetto, da delegacia da Polícia Civil de Soledade. Segundo ele, dois dos quatro suspeitos já foram identificados. Um deles está preso, e outro foi detido e liberado.
O carro utilizado, uma Ecosport branca, também já foi encontrado, abandonado na comunidade de Capinzal, no interior de Passo Fundo. O veículo havia sido roubado horas antes e teve as placas trocadas. Dentro, havia marcas de sangue de um dos suspeitos ferido durante o crime.
Foi a partir desta suspeita que a polícia encontrou o homem, que deu entrada no Hospital São Vicente de Paulo com perfuração de arma de fogo. A prisão preventiva dele foi realizada em Passo Fundo. O segundo indivíduo foi detido com posse das placas originais do carro usado no crime. De acordo com o delegado, ele foi flagrado pelas câmeras do posto, rondando o estabelecimento no dia anterior.
— Agora, vamos trabalhar para identificar os demais participantes, principalmente o que atirou na vítima. Além dos quatro, há mais envolvidos que auxiliaram na fuga e na preparação do crime — diz Gasparetto.