A Câmara de Vereadores de Ijuí, no noroeste do Estado, instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a morte de Taísa Cristini Protti, de 40 anos. A médica veterinária morreu depois de ser atendida e liberada da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Assis Brasil, em 7 de julho.
De acordo com o presidente da Câmara, o vereador Paulo Braga (PDT), o objetivo da CPI é apurar se houve negligência no atendimento ou eventuais falhas médicas.
A comissão terá 90 dias, prorrogáveis por mais 90, para apresentar a conclusão sobre o caso. Cinco parlamentares integram a CPI:
- Bira Erthal (PL)
- Bruna Gubiani (PCdoB)
- Jorge Amaral (PP)
- Josias Pinheiro (PDT)
- Matheus Pompeo (PDT)
Denúncias sobre o serviço
Segundo Braga, os vereadores receberam diversas denúncias sobre o serviço prestado pela UPA nas últimas semanas. A maioria dos relatos é sobre a demora no atendimento, que em muitos casos chega a quatro horas, e descaso no acolhimento dos pacientes.
— Sabemos que nossos servidores estão sobrecarregados, mas isso não justifica esse tipo de situação. No entanto, nesse momento, a CPI não tem como o foco investigar todo o sistema de saúde, e sim as causas da morte de Taísa — afirmou o parlamentar.
Na última semana, a prefeitura de Ijuí abriu uma sindicância para apurar as circunstâncias da morte da médica veterinária. O objetivo, segundo o Executivo, é esclarecer o ocorrido para a comunidade que utiliza a UPA. Só em junho, o centro de saúde atendeu 5 mil pessoas.
Relembre o caso
Taísa morreu em casa em 7 de julho, depois de relatar fortes dores no peito e falta de ar. Um dia antes, ela procurou atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro São Geraldo e, em seguida, foi encaminhada para a UPA Assis Brasil, com a recomendação de realizar exames de raio X e eletrocardiograma.
A veterinária aguardou quatro horas para ser atendida, foi examinada por uma médica e recebeu medicamentos para ansiedade. No entanto, os exames solicitados não foram realizados, por motivo ainda não esclarecido.
Segundo a Polícia Civil, a família de Taísa registrou um boletim de ocorrência três dias após a morte. Essa demora inviabilizou a perícia do corpo, o que dificulta a investigação para averiguar se houve, ou não, negligência médica.
Segundo o delegado Maurício Posselt, agentes devem interrogar nos próximos dias os profissionais que atenderam Taísa na UPA e outros médicos que a acompanhavam rotineiramente.
A polícia também solicitou uma cópia do prontuário, que será encaminhado ao Departamento Médico-Legal em Porto Alegre. O documento passará por uma perícia técnica para avaliar os procedimentos adotados com a paciente.
— Assim que emitirem o resultado do laudo, vamos analisar o conteúdo para ver se teve alguma falha médica, ou não — pontuou o delegado.