Jeferson Rodrigo de Souza Bueno, motorista de um Camaro que atropelou três pessoas em 2017, em Florianópolis, Santa Catarina, foi condenado a cinco anos e 10 meses de prisão em regime semiaberto. O tribunal do júri ocorreu na quinta-feira (13), na capital catarinense. O crime aconteceu na madrugada de 1° de janeiro daquele ano, quando as vítimas retornavam da comemoração do réveillon e foram atingidas. Entre elas estava um casal de Passo Fundo.
Segundo a denúncia, o veículo do acusado, um Camaro, com placas de Sapiranga, no Rio Grande do Sul, colidiu com outro veículo em Ingleses, no norte de Florianópolis. Com o impacto, o condutor perdeu o controle, bateu em outros dois carros e em um quiosque, atropelando três pessoas. Uma quarta pessoa que estava em um dos veículos atingidos também ficou ferida. O acusado fugiu do local do acidente e chegou a ficar foragido.
O atropelamento causou a morte de Cristiane Flores, na época com 31 anos, de Passo Fundo. O marido dela, Nilandres Lodi, teve as pernas amputadas. Gean Mattos, 22 anos na época, amigo do casal, teve traumatismo craniano, ficou internado e foi liberado semanas depois.
Bueno chegou a ser preso em maio de 2017, mas foi solto após pagar fiança de R$ 70 mil. Ele foi julgado por um homicídio, três tentativas de homicídio e omissão de socorro. Durante o julgamento, a defesa argumentou que o acidente foi provocado pelo motorista de um segundo veículo, que teria fechado o Camaro.
Já o Ministério Público (MP) pediu a condenação do réu por dolo eventual, já que ele teria assumido o risco de conduzir o veículo com velocidade acima da permitida no local, o que teria provocado a perda de controle e a colisão com o outro carro.
Bueno foi condenado a cinco anos e 10 meses pelo homicídio, em regime semiaberto. Já pelas tentativas de homicídio e pela omissão de socorro, o réu foi condenado a sete meses e 10 dias no regime aberto. O acusado poderá recorrer em liberdade.
Acusação deve entrar com recurso
De acordo com o advogado de Nilandres, Roque Letti, a acusação deve entrar com um recurso, com pedido de aumento da sentença:
— Entendemos que a pena foi muito baixa. Esse caso começou como um homicídio triplamente qualificado e chegou ao júri como tentativa de homicídio e homicídio com dolo eventual, uma grande redução.
Letti também questiona a ausência do condutor do segundo veículo no processo. Ele avalia que o homem também deveria estar no banco dos réus, apesar de que isso, na sua opinião, não justifica a velocidade do Camaro. Conforme a perícia, o carro estava acima da velocidade permitida no local, de 60 km/h.
O que diz a defesa
A defesa de Bueno manifestou o interesse em entrar com um recurso contra a decisão. As razões para o pedido estão em elaboração. O advogado Ademir Costa Campana também avalia que o motorista do segundo carro deveria ter sido arrolado:
— O condutor bateu no Camaro e o lançou contra as vítimas. Ele deveria ter sido denunciado e indiciado, o que nunca aconteceu. O Audi só foi periciado 10 dias depois do acidente, após muita insistência nossa, mas tinha sido lavado e qualquer prova pode ser sumido. Inclusive, entramos com uma ação contra o Estado de Santa Catarina, por não ter mantido o veículo apreendido.
Relembre o caso
Bueno atropelou Cristiane Flores, 31 anos, que morreu no local, o esposo dela, Nilandres Lodi, com 36 anos na época, que teve as pernas amputadas, e Gean Mattos, 22 anos, que sofreu traumatismo craniano. O motorista conduzia um Camaro com placas de Sapiranga. Por volta das 3h, o carro invadiu a calçada em frente à loja RMS Auto Som, na Rodovia Armando Cali Bulos, em Ingleses.
Nilandres era proprietário do estabelecimento e retornava com a esposa para a casa da família, que fica nos fundos do local. Lá, familiares e os filhos, uma menina de 13 anos e um menino de cinco, os aguardavam.
Antes de atingir as três pessoas, o Camaro bateu em um Audi e em uma Hilux — dentro da qual estava Schaiane Sottele Kette, que ficou ferida levemente. Nilandres e Cristiane eram de Passo Fundo e estavam juntos havia oito anos, três deles morando em Florianópolis.