A Polícia Civil (PC) de Soledade investiga as circunstâncias da morte de José Augusto Barcelos, de 20 anos, que foi soterrado por grãos de soja, em um silo de armazenamento da empresa Cepal Cereais, na RS-332, entre Soledade e Arvorezinha, no norte do Estado, na segunda-feira (26).
Tratado como acidente de trabalho, o caso está sendo investigado. Ainda na segunda-feira, algumas testemunhas já foram ouvidas. Nesta terça-feira (27), o trabalho segue. A linha de investigação aponta que o homem estaria sem equipamento de proteção individual (EPI) quando acessou uma zona perigosa do silo e foi sugado pelo escoamento, segundo a PC.
De acordo com a empresa, todos os funcionários possuem o equipamento de segurança e são treinados para utilizá-lo durante o trabalho.
Entre o soterramento e a remoção do corpo, foram 19 horas de trabalho do Corpo de Bombeiros de Soledade para o esvaziamento da carga de 36 mil toneladas de grãos. Os bombeiros e a PC foram acionados na manhã de segunda-feira por funcionários da empresa. Por volta das 22h, o corpo foi localizado.
No entanto, foi registrado um novo deslizamento de grãos, o que atrasou a retirada do corpo, segundo a polícia. O corpo foi removido do silo por volta das 5h desta terça-feira.
— O esvaziamento foi feito pelas comportas laterais do silo. Foram dois terços dos grãos de todo o silo retirados para que o corpo aparecesse — afirma o comandante da guarnição do Corpo de Bombeiros de Soledade, Adriano Thomazi.
Caso é tratado como acidente de trabalho
De acordo com o delegado Marcelo Gasparetto, da Polícia Civil de Soledade, o caso é tratado como acidente de trabalho. Segundo ele, três homens estavam no silo para desmanchar gomos de soja que foram formados em razão da umidade dos últimos dias. Eles auxiliavam no escoamento dos grãos.
José e outro colega estavam na área lateral do silo, externa aos grãos, considerada uma zona sem risco, segundo o que as testemunhas relataram à PC. Eles estariam sem EPI naquele espaço.
Um outro colega, que estava no meio do silo, junto aos grãos, utilizava EPI, com cinto e amarrado com cordas. José teria se deslocado ao centro do silo, junto ao colega que realizava o trabalho, por motivos ainda não confirmados pela polícia.
— Em determinado momento, a vítima foi até o centro, junto ao outro colega que usava o cinto. Acreditamos que ele foi ali para ajudá-lo no trabalho. A vítima começou a ser sugada. O colega tentou segurá-lo, mas a pressão é muito grande, e ele (colega) começou a ser sugado também. Até que alguém conseguiu fechar a escotilha e parou de escorrer o soja, mas a vítima já estava soterrada — afirma o delegado.
A PC também conversa com técnicos de segurança para entender o funcionamento do uso do equipamento e a obrigatoriedade.
— A princípio, tudo indica que se ele estivesse usando o equipamento no momento, a morte teria sido evitada. O colega que usou, embora tenha sido sugado na hora de tentar salvar o amigo, não morreu. A investigação vai dizer as circunstâncias deste acidente — completa Gasparetto.
Empresa diz que irá auxiliar família da vítima
O sócio proprietário da Cepal Cereais, Roges Pagnussat, lamentou o acidente de trabalho e informou que a empresa irá prestar auxílio para a família da vítima. Além disso, o representante aguarda investigação para identificar as causas do acidente.
— O que nós buscamos neste momento é auxiliar os familiares neste momento difícil, de pesar para a família. Foi um acidente de trabalho, vamos apurar as causas deste acidente, deixando para os órgãos competentes identificarem o que realmente aconteceu — declara.
José Augusto Barcelos trabalhava há sete meses na Cepal. Ele cumpria a função de auxiliar geral na empresa. Segundo Pagnussat, era um funcionário querido por todos os colegas.
— Ele era um ótimo funcionário, um colaborador que cumpria todas as suas funções. Era um amigo de todos os colegas da empresa — afirma.
A vítima
O corpo de José foi encaminhado à necropsia na manhã desta terça-feira (27). Ele será velado a partir das 15h30min, na capela Nossa Senhora Aparecida, na comunidade de Fazenda Tarumã, no interior de Soledade.
GZH Passo Fundo fez contato com a família de José, que prefere não se manifestar neste momento.
GZH Passo Fundo
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