Além da importância de identificar o Acidente Vascular Cerebral (AVC) rapidamente, enquanto ele acontece, outro ponto crucial é garantir o tratamento adequado aos pacientes depois do episódio.
Foi isso que garantiu a recuperação do professor Cesar José Collet, que sofreu um AVC aos 44 anos, em julho de 2012.
— A lembrança que eu tenho é sentir uma dor de cabeça muito forte. A partir daí não me lembro mais nada. Acordei estava em uma maca de hospital e completamente sem visão — recorda.
Conforme dados da Sociedade Brasileira do AVC, o Brasil registrou 50.133 mortes pela doença até agosto de 2024. Além disso, há casos que não levam à morte, mas deixam sequelas motoras e cognitivas nas pessoas acometidas por esse tipo de lesão neurológica.
O quadro acontece quando os vasos que levam o sangue ao cérebro entopem ou se rompem. Sem circulação sanguínea, as células não recebem mais oxigênio, provocando a paralisia cerebral.
Doenças do coração como as coronárias, hipertensão e arritmias são as principais causas de AVC em todo o mundo. Além disso, outros fatores de risco incluem diabetes, colesterol alto, sedentarismo, tabagismo, obesidade e consumo excessivo de álcool.
Segundo a a neurologista Luidia Giacomini, o quadro pode afetar ambos os sexos, em qualquer idade. Porém, é mais comum em homens acima dos 50 anos.
— Os principais sintomas são o desenvolvimento súbito de um sintoma neurológico, que pode ser uma alteração na fala, no equilíbrio, na parte motora. Perda de força no braço, na perna, uma alteração da sensibilidade, formigamentos ou até anestesia de alguma parte do corpo — explica.
Importância do tratamento
Depois do AVC, Collet teve perda da visão, dificuldade de locomoção e impacto nas funções cognitivas. As consequências têm a ver com a morte dos neurônios do cérebro causada pela falta de circulação.
— Cada minuto que passa existe uma perda neuronal e isso vai se traduzir em uma sequela — ressalta a médica neurologista.
Para dar conta dos sintomas, Collet passou um ano em tratamento em uma clínica especializada na recuperação de pacientes com AVC de Passo Fundo. O local realiza uma média de 120 atendimentos por mês, com foco no tratamento das sequelas deixadas pelo quadro.
Segundo Collet, foi o apoio incondicionável da família, amigos e dos profissionais do centro. O professor recebeu alta em 2013, um ano após dar entrada no instituto.
— Essas tecnologias permitem avaliar o cérebro antes e depois do tratamento e potencializam o que temos de mais importante: o raciocínio. Um paciente talvez nunca volte a ficar 100%, mas chegamos perto disso, e mesmo assim é possível ter uma vida plena e digna após um AVC — disse Nedi Magagnin, diretora do Instituto Umani.
Um ano depois da alta, Collet e a esposa tiveram a melhor surpresa que poderiam esperar: descobrir a gravidez de Pedro Henrique, hoje com 10 anos, que veio ao mundo em 2014 como uma "nova vida", definiu o professor, hoje com 56 anos.
— É possível ter uma vida após tudo isso. Hoje meu sentimento é de plenitude, felicidade e alegria, em conduzir a vida de um novo ser — finaliza Collet.