O colesterol alto é um dos principais fatores associados ao agravamento de doenças cardiovasculares como a hipertensão, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral (AVC) e infarto agudo do miocárdio.
No Brasil, cerca de quatro em cada 10 adultos têm diagnóstico de colesterol alto, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Em entrevista a GZH Passo Fundo, o médico cardiologista Luiz Carlos Bin, do Hospital de Clínicas de Passo Fundo (HCPF), esclareceu dúvidas sobre o problema.
GZH: o colesterol alto só acomete pessoas acima do peso?
Luiz Bin: estimamos hoje que, na maioria das pessoas, cerca de 70% da "culpa" do colesterol alto é genética. Mas 30% depende de hábito de vida, que envolve alimentação e peso.
Há uma relação, mas não é total e não é a mesma para todas as pessoas. O indivíduo pode ser magro e se alimentar com ultraprocessados e gordura saturada, ou animal, em excesso. Isso vai fazer com o que o colesterol dele seja pior.
GZH: a população costuma falar em colesterol bom e ruim. Há uma diferença real entre os dois tipos?
LB: sim. Muita gente às vezes fixa na questão do colesterol total, mas é muito mais importante a gente saber quanto está cada um. O HDL é o colesterol bom e o LDL ruim. O HDL ajuda a proteger o sangue das gorduras, então se ele está mais alto, é melhor. Já o LDL é o contrário e é onde precisamos agir com medicamentos.
GZH: é verdade que os medicamentos precisam ser tomados por toda a vida?
LB: geralmente sim. O colesterol alto é uma doença considerada crônica e quando se indica o remédio, além da redução do colesterol em si, ele ajuda em outras coisas, como estabilização das placas de gordura.
Além disso, são importantes para prevenção, reduzindo em média 20% o risco cardiovascular no paciente. São drogas eficientes e seguras, que a gente inicia e não tem fase de retirada, talvez algum ajuste na dose.
GZH: o problema apresenta algum sintoma? Como identificar?
LB: o colesterol alto é sempre silencioso. Se não é feito acompanhamento médico, pode ser que ele só apareça quando a pessoa tem um infarto, por exemplo.
Por isso a importância de fazer exames de sangue, principalmente se já sofre com outros fatores de risco, como hipertensão, obesidade ou diabetes. É recomendado que todo adulto realize o perfil lipídico, a fim de medir a quantidade de gorduras no sangue.