O medicamento FDG-18F, usado para a realização do exame PET-CT, tomografia que aponta o avanço ou remissão de doenças oncológicas, chegou a Passo Fundo após semanas de falta por causa dos bloqueios nas rodovias gaúchas. Produzido somente em Porto Alegre, o insumo tem validade de apenas 12 horas devido à sensibilidade radioativa.
Como o trecho que liga Passo Fundo a Porto Alegre via BR-386 foi liberado na segunda-feira (20), o insumo pôde ser transportado. Segundo a Clínica Kozma, a única que realiza o exame no norte gaúcho, uma remessa do medicamento chegou nesta terça-feira (21), o que possibilitou a realização de 25 exames. Ao todo, 220 pacientes aguardavam para fazer o procedimento nas semanas em que o insumo ficou em falta.
"A expectativa é que consigamos receber o medicamento amanhã (quarta-feira, dia 22) e quinta (23) com a mesma rapidez e agilidade de hoje para conseguir fazer os exames em mais pacientes, e seguirmos assim nas próximas semanas", diz nota enviada à reportagem de GZH Passo Fundo pelo laboratório.
A clínica recebe, em média, 250 pacientes por mês para o exame que depende do medicamento FDG-18F. Desses, cerca de 15 realizam o atendimento por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). O exame não é de urgência, mas é essencial para acertar o tipo de tratamento de pacientes oncológicos.
Entenda o FDG-18F
O motivo da suspensão dos exames foi a impossibilidade de distribuição do medicamento por via terrestre depois que as estradas gaúchas foram bloqueadas em meio as enchentes que causaram mortes e estragos em boa parte do Rio Grande do Sul.
Ao mesmo tempo, não era possível trazê-lo por vias aéreas porque trata-se de um radiofármaco, ou seja, um produto nuclear que precisa seguir parâmetros específicos para ser transportado. Uma das aprovações necessárias é por parte da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), outra, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
O medicamento é produzido no Instituto do Cérebro da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Porto Alegre, o único fornecedor disponível no RS. Depois de pronto, ele precisa ser utilizado em, no máximo, 12 horas.
— Os nossos produtos são marcados com flúor 18, então aproximadamente a cada 110 minutos ele vai perdendo metade da atividade radioativa. Com o passar do tempo vão perdendo a atividade radioativa e, além disso, após 12 horas ele perde a estabilidade do produto, deixa de ter a sua atividade e começa a inexistir — explicou o coordenador do centro de produção de radiofármacos do Instituto do Cérebro, Frederico Werlang.