Combater o preconceito e conscientizar sobre a importância de cuidar da saúde mental e emocional: essa é a proposta da campanha Janeiro Branco, que existe há 10 anos em todo o país. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um dos fatores de alerta é o transtorno de ansiedade, um dos mais comuns no Brasil.
A campanha é importante porque a saúde mental é cercada de preconceitos: por serem "doenças invisíveis", pessoas que sofrem dessas condições enfrentam discriminação e falta de compreensão das comunidades que os cercam, o que tende a piorar os sintomas e atrasar a recuperação.
Em Passo Fundo, quem precisa deste tipo de suporte encontra ajuda de graça nas universidades e na rede pública de saúde. O público atendido nesses locais vai desde crianças até adultos, o que demonstra que não há idade certa para receber diagnósticos como ansiedade ou depressão.
No Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Infantojuvenil, por exemplo, 289 crianças e adolescentes de até 18 anos estão em acompanhamento por uma equipe multidisciplinar, que inclui psiquiatra e psicóloga. Atualmente, a maioria dos atendimentos é voltada para a faixa etária entre 15 e 17 anos de idade. Em seguida estão as crianças de sete a 11.
Os casos de tentativa de suicídio e mutilações estão entre os principais atendimentos feitos no local. Além da assistência especializada, os pacientes participam de atividades lúdicas, oficinas e recebem alimentação.
— Tanto a escola como o familiar do menor pode procurar o nosso serviço. Fazemos um acolhimento e avaliação da situação para entender o caso e ver qual a necessidade do paciente. Nós também damos todo o suporto à família e à escola — explica a psicóloga e coordenadora do Caps Infantojuvenil, Desirê Pauletti Hagen.
Passo Fundo ainda conta com outros dois Caps voltados para atendimento de adultos que precisam de acompanhamento psiquiátrico. Além disso, a população pode buscar ajuda na rede básica de saúde, através do atendimento psicológico. Os casos mais graves são encaminhados para especialistas.
"Me permiti pedir ajuda"
Seja na rede pública ou privada, quem já passou por um momento delicado e precisou de acompanhamento médico sabe o quanto isso faz diferença. Ao receber o diagnóstico de câncer de mama, a produtora rural Paula Rigo, 31 anos, sentiu a necessidade de buscar ajuda para encarar o processo de uma forma menos dolorida. Isso porque, com o diagnóstico, diversos sentimentos e emoções vieram à tona.
— Eu estava no fundo do poço porque a palavra câncer é uma coisa que machuca, é uma palavra que dói. Quando eu busquei ajuda, eu consegui todo o apoio necessário pra enfrentar a situação e me permiti pedir ajuda. Foi um momento complicado, mas eu tive ajuda de todo mundo que estava ao meu redor — conta.
A psicóloga Lisiane Rebeschini Via Piana foi quem ajudou Paula durante o tratamento. Segundo ela, existem fatores que contribuem para manter a saúde mental em dia, como praticar atividades físicas com frequência, ter uma alimentação saudável e qualidade do sono.
— Quando os sentimentos não estão equilibrados é quando a gente precisa procurar ajuda. Isso significa quando eles estão oscilando de tal forma que atrapalham a nossa rotina, produtividade ou convívio social. É nessa hora que precisamos ter esse olhar de auto cuidado pra gente — alerta a psicóloga.
Depois do baque, Paula entende que o mais importante é estar aberto a pedir ajuda, apesar dos estigmas sobre as doenças mentais.
— Quando começar sentir alguma coisa diferente peça ajuda. Peça para a mãe, para o pai, esposa, esposo... Enfim, procure um profissional. Porque depois que você já está muito no fundo, fica mais difícil sair de lá — afirma Paula, que segue o tratamento contra o câncer, agora fortalecida.