Um projeto de lei que prevê a contratação temporária de médicos para o Hospital Beneficente Dr. César Santos, em Passo Fundo, foi aprovado na quarta-feira (26), pela Câmara de Vereadores.
De autoria do Executivo municipal, a lei estabelece que o hospital municipal poderá ampliar a jornada em 300 horas. Atualmente, podem ser cumpridas 2,3 mil horas de trabalho por médicos na unidade, conforme lei n° 5.545/2021.
Em razão da carga horária, não é possível estimar quantos profissionais serão contratados, uma vez que dependerá da disponibilidade de cada um. De acordo com o diretor geral do hospital, Roger Teixeira Borges, a previsão é que os novos médicos passem a atuar em setembro.
— Hoje temos seis consultórios, não podemos exceder esse número por questão estrutural. Atualmente, são quatro médicos nos turnos da manhã e tarde e três à noite. Não temos faltas de profissionais hoje, o que temos é uma alta demanda, e essas contratações vão ajudar a acelerar os atendimentos — disse.
Com mais de 300 atendimentos por dia, a demora no atendimento, que chega a cinco horas no caso de alguns pacientes, é uma reclamação recorrente dos usuários do serviço. Conforme Teixeira, a grande demanda se dá também pela absorção de pacientes dos outros hospitais da cidade, que deixaram de fazer atendimentos não urgentes.
— Nós tínhamos 22 profissionais médicos há três anos e hoje temos 44. Queremos ampliar até o numero possível para qualificar o hospital municipal, que é uma referência em saúde — acrescenta Teixeira.
Apesar de benéfica, a contratação emergencial de médicos não garante uma solução a longo prazo. De acordo com a diretora da região Norte do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Sabine Chedid, um cenário ideal seria a abertura de concursos públicos, com boas condições estruturais de trabalho, para fixar esses profissionais no sistema público de saúde municipal.
— Não temos problemas de falta de médicos, na verdade, temos médicos acima do mínimo previsto, mas temos que atrair esses profissionais para que desempenhem a sua função em boas condições. Devemos avaliar de forma mais ampla, abrangente, um planejamento melhor para estrutura profissional. Não vejo [a contratação temporária] como uma solução para o problema em qualquer cidade. É preciso planejamento — afirma Chedid.
O prefeito Pedro Almeida tem prazo de 15 dias para sancionar a lei. Somente após a sanção, será lançado um edital para que os médicos possam se inscrever para as vagas. Em razão do caráter temporário, os contratos têm duração de um ano, podendo ser prorrogados por mais um.