Pelos próximos quatro anos, Passo Fundo vai contar com o mesmo número de vereadoras da última legislatura. Quatro candidatas foram eleitas no último domingo (6), sendo três reeleições e um novo nome na Câmara.
A representação das mulheres vai ficar por conta de Ada Munaretto (PL), Eva Valéria (PT), Marina Bernardes (PT) e Professora Regina (PDT).
Esse é o máximo de eleitas que a casa já teve desde a eleição da primeira mulher vereadora, em 1955. Durante quase 70 anos, 13 mulheres passaram pela Câmara.
Apesar das divergências ideológicas atreladas às siglas partidárias, as recém-eleitas concordam que a representatividade deveria ser maior — principalmente em uma cidade onde o público feminino é a maioria entre população e eleitorado.
Ada Munaretto (PL)
Reeleita com 3.028 votos, a vereadora Ada Munaretto diz que as mulheres fizeram a diferença na atual legislatura, expectativa que permanece para o próximo mandato.
— A mulher tem uma visão diferente de mundo, traz outra perspectiva, então fico muito contente de termos mantido este número. Eu, enquanto vereadora, consegui cumprir tudo que prometi no meu primeiro mandato e pretendo ir além — pontuou.
O foco do trabalho da vereadora deve ser novamente na área da saúde, com pautas como a instalação de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Passo Fundo. Outra questão que Ada pretende levar adiante é a da implantação de uma escola cívico-militar municipal.
— O que a gente precisa deixar claro para a comunidade é que a gente pede, leva o projeto, tenta, mas quem tem o poder de caneta é o Executivo. O que vier de lá e for bom, continuamos votando com o Executivo, e o que não for, continuamos com o posicionamento firme — acrescenta.
A parlamentar é a única de direita entre as mulheres e uma das três representantes do PL na Casa. Ela afirma ainda que a pauta de costumes também deve seguir entre os temas abordados na tribuna.
Eva Valéria Lorenzato (PT)
Reeleita com 2.831 votos, a vereadora Eva Valéria Lorenzato (PT) afirma que, além da manutenção de quatro mulheres no Legislativo, também é a primeira vez que vereadoras são reeleitas em Passo Fundo.
— O machismo estrutural e a desigualdade de gênero no Estado e no nosso município são muito grandes. Frente a todas as dificuldades que enfrentamos enquanto mulheres, essa é uma luta e conquista históricas — pontua.
Conforme a parlamentar, o novo mandato seguirá com projetos de combate à violência contra a mulher, principalmente aquelas que vivem no meio rural. Outra pauta defendida pela vereadora é a de incentivo e proteção aos pequenos produtores.
— Os pequenos agricultores, que produzem mais de 70% dos alimentos, não podem acreditar que são o mesmo que os do agronegócio. Eu defendo a valorização da agricultura familiar, principalmente das mulheres produtoras, que muitas vezes sofrem violências de forma isolada e silenciada — completa.
A parlamentar vai representar o PT na Câmara, que elegeu duas mulheres nestas eleições. Ao ponderar sobre o conservadorismo, Eva diz que o aumento de uma cadeira do partido surpreendeu.
Marina Bernardes (PT)
Com 3.062 votos, a vereadora eleita Marina Bernardes (PT) passa a ser um novo rosto da política de Passo Fundo. A votação é a maior já contabilizada para uma mulher na história da cidade. Segundo a arquiteta e urbanista, apesar de uma campanha estratégica, o número surpreendeu.
— Vai ser desafiador, mas é importante dizer que não estarei sozinha. Terão mais de 3 mil pessoas e uma base política forte comigo. Embora tenhamos uma Câmara masculina e conservadora, queremos avançar com pautas plurais — afirma.
Com um projeto estabelecido, Marina diz que pretende colocá-lo em prática assim que iniciar o mandato. O foco, segundo ela, é incluir a população no debate político e seguir uma trajetória de atenção aos interesses coletivos.
— Nós vamos ter um desafio que é levar a pauta das mulheres, dos jovens, de uma cidade mais plural, mais inclusiva, a pauta LGBTQIA +, que não avançou ainda na Câmara. Eu quero ter um gabinete itinerante, fazer política na rua — acrescenta.
A futura parlamentar vai passar a ocupar a nova cadeira reservada ao PT na casa, que agora soma duas representações.
Professora Regina (PDT)
Reeleita com 2.768 votos, a vereadora Professora Regina (PDT) diz que a votação expressiva é uma forma de reafirmar o espaço das mulheres na política, marcando um momento histórico na cidade.
— O parlamento municipal é lugar de mulher e de muita representatividade. Isso ficou muito claro através dos votos. Eu torcia para que mais vereadoras entrassem, mas uma bancada feminina possibilita que a gente nos fortaleça enquanto grupo — afirmou.
O novo mandato, pontua Regina, deve ser novamente guiado por pilares de defesa da educação pública. Além disso, ela reforça o avanço de pautas relacionadas a pessoas com deficiência e proteção às mulheres.
— Escolas de tempo integral precisam ser uma realidade de educação para além das propagandas. Também precisamos seguir na defesa e valorização dos professores e servidores. Queremos fazer com que leis aprovadas no primeiro mandato saiam do papel — destaca.
A parlamentar passará a ser a única representante do PDT na Câmara, uma vez que o partido perdeu uma cadeira. Ela aponta que a nova composição será um desafio, com aumento de responsabilidade.