Aos 45 anos, Márcio Patussi (PL) disputa pela segunda vez o cargo de prefeito de Passo Fundo, no norte do Estado. Em entrevista a GZH, o pré-candidato falou sobre a mudança no viés partidário, as prioridades do governo e a escolha de Claudio Doro (Podemos) como vice.
Essa é a segunda de três entrevistas com os pré-candidatos escolhidos nas convenções partidárias à prefeitura de Passo Fundo. Os encontros aconteceram de 7 a 9 de agosto e a ordem de publicação obedece a ordem alfabética: primeiro Airton Dipp (PDT), depois Márcio Patussi e, por fim, Pedro Almeida (PSD).
No caso de Patussi, a chapa tem apoio de seis partidos de direita: PL, Podemos, Republicanos, PRD, Partido Novo, União Brasil. Em sua carreira política, Patussi tem duas passagens pela Câmara de Vereadores de Passo Fundo, nos pleitos de 2012 e 2016. Antes disso, em 2011, foi secretário municipal das pastas de Segurança Pública e de Cidadania e Assistência Social (Semcas).
Confira a seguir o que planeja o político passo-fundense para o pleito e, se eleito, sua primeira gestão na cidade.
GZH: que tema deve nortear a campanha eleitoral e que deve ser discutido com prioridade?
Márcio Patussi: o que mais nos preocupa nesse momento é a área social, em relação a três setores: saúde, que precisa de uma reformulação; setor habitacional da cidade, onde precisamos pautar regularizações de áreas e concessões de terrenos para que o déficit habitacional diminua na cidade; e também a questão educacional, em relação à grande política da educação infantil em tempo integral.
E tem a segurança pública, onde vamos criar a Guarda Municipal Armada. Será um elemento de apoio ao cidadão e aos nossos empreendedores que estão sofrendo com a criminalidade. Na área econômica precisamos retomar os níveis de atração de investimento, principalmente na indústria, gerando riquezas, atraindo novos postos de trabalho e ampliando as receitas municipais a partir dos retornos fiscais.
GZH: como a gestão deve olhar para a questão da crise climática no Estado? Como Passo Fundo pode avançar?
MP: em primeiro lugar, a nossa geografia favorece as relações. Mas em setembro do ano passado, devido às fortes chuvas, vimos que a falta limpezas de bocas de lobo fez com que algumas regiões tivessem alagamentos. Então teremos preocupação com o processo de recuperação, limpeza e manutenção. Nenhum cientista ou alguém da meteorologia disse que isso ficou em 2024, então temos que estar preparados para o futuro.
As áreas de ocupações são as próximas aos rios, onde tivemos casas absolutamente prejudicadas com excesso de chuva e com as cheias dos rios. Vamos fazer um levantamento disso e uma recolocação dessas famílias para que elas não percam tudo. Outra questão importante para nós é a economia. Temos que estar preparados para receber esses investimentos e a migração. Nosso setor logístico rodoviário e aeroportuário terão atenção especial, imaginando que Passo Fundo possa ser essa cidade de referência em relação a essas ocorrências climáticas.
GZH: como Passo Fundo pode se desenvolver econômica e socialmente?
MP: a área social nos preocupa porque temos visto que os índices de saúde e educação estão muito baixos, abaixo de cidades com a mesma envergadura econômica e nível populacional. Para isso, nós estamos defendendo a municipalização da saúde. Ou seja, que o gerenciamento daquilo que é hoje é controle do Estado passe a ficar nas mãos do município, e a gente consiga dar resolutividade. Atender nossos municípios de forma rápida, porque quem tem dor não pode esperar. A partir da municipalização, vamos perseguir essa redução.
Também, claro, com compra de serviços na iniciativa privada e filantrópica, para reduzir o estoque de consultas dos hospitais. O próprio Hospital de Olhos, por exemplo, tem condição de prestar serviço para cirurgias de catarata. Nós podemos comprar para reduzir as filas e, assim, deixar a população mais atendida. Na área social também é importante fazer referência a habitação. As invasões viraram uma cultura porque não se tem programas habitacionais eficientes na cidade. Nós vamos iniciar com 500 habitações novas. Perseguindo, a partir de recursos que a gente vai captar dos governos estadual e federal, a redução do déficit de espera e acabando com as invasões em Passo Fundo.
GZH: você esteve no PDT pelos dois mandatos em que foi vereador, incluindo a candidatura a majoritária de 2020, e agora concorre pelo PL. O que levou a mudança de viés político?
MP: em primeiro lugar, estando no PDT eu já defendi o impeachment da presidente Dilma em 2015 e o voto para o Bolsonaro em 2018. Isso porque eu entendia que a minha linha ideológica se aproximava muito mais da direita do que aonde eu estava. Após a eleição de 2020, de forma muito assertiva, eu fiz uma mudança de partido, eu fui recebido pelo PL. Antes mesmo da chegada do Bolsonaro, mas fiquei muito feliz com a vinda dele.
Esse meu reposicionamento acompanha a minha tendência de atuação em relação ao Patussi vereador, que foi autor da Lei da Liberdade Econômica, defensor das áreas da segurança pública e de uma cidade com menos burocracia. São linhas ideológicas que estão hoje estão dentro da cartilha que o PL preceitua para todos os seus candidatos ou seus filhados. Eu estou muito feliz com essa adaptação e mudança. A gente precisa ter menos burocracia, redução da carga tributária, um incentivo ao empreendedorismo e também as liberdades que são fundamentais. Infelizmente a esquerda hoje restringe muito isso. E a direita não, ela consegue ter essa liberdade. Então, eu estou muito bem hoje no PL, fui muito bem aceito e me encontrei.
GZH: qual vai ser o perfil da sua gestão, se eleito? Já houve negociação sobre distribuição de cargos e secretariados entre os partidos?
MP: primeiro tivemos a preocupação de unir os iguais, pessoas com o mesmo pensamento em relação às liberdades, ao desenvolvimento econômico, à geração de riquezas, ao compromisso social e ao não aumento de carga tributária. Nós queremos uma cidade comandada por um corpo técnico que realmente funcione, que acelere seus serviços. Ainda vemos uma burocracia muito intensa, enraizada, típica do serviço público. E queremos quebrar isso. Fazer com que um construtor não tenha que esperar quase nove meses para ter uma licença para construir um prédio que vai gerar riquezas, que vai transformar uma região da nossa cidade.
Vamos perseguir isso. Teremos uma central de aprovação de projetos para que, a partir do momento que qualquer interessado faça investimentos na cidade, terá prazo reduzido para poder sair lá com as suas licenças. Isso tem que ser automático, porque é riqueza. Municípios que são prósperos deixaram a burocracia no passado, e aqui ainda está impregnada na gestão pública municipal.
GZH: e qual seria a importância do vice, Claudio Doro, em sua chapa? Como se deu a escolha deste nome?
MP: Cláudio Doro é uma das pessoas mais fantásticas que eu já conheci. Ele é um cristão e preza muito pela família, além de ter uma relação positiva com o agronegócio. Cláudio estaria preparado para ser o prefeito de Passo Fundo. Mas nessa conciliação de grupos, pessoas e partidos, ele abriu mão e hoje ele é o candidato a vice-prefeito. Juntos transformaremos Passo Fundo na capital do agronegócio. Temos transformação, serviços, tecnologia, pesquisa e industrialização. O Brasil tem que olhar para Passo Fundo com essa característica, porque aqui vai ser uma terra de riqueza. Nós estamos muito animados, muito decididos a fazer um grande governo e estamos imbuídos dessa missão.
Próxima entrevista
A entrevista com Pedro Almeida (PSD) será publicada na quarta-feira (14). O material com Airton Dipp (PDT) foi o primeiro publicado, respeitando a ordem alfabética dos pré-candidatos. Confira a cobertura completa das eleições municipais em GZH Passo Fundo.