O número de eleitores acima de 70 anos tem aumentado ao longo dos anos, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mesmo o voto sendo facultativo a partir desta idade, em Passo Fundo o grupo já chega a 18.469 votantes.
Este é o maior número desde as eleições municipais de 2012, que somava 10.350 votantes. Durante o último pleito, em 2020, a cidade somava 15.727 idosos dispostos a se apresentar diante das urnas, o que caracteriza um aumento de 17,4%.
O aumento pode estar relacionado ao desejo dos idosos de sentirem-se cada vez mais inclusos na sociedade, aponta Silvana Scortegagna, professora do Programa de Pós-Graduação em Envelhecimento Humano da Universidade de Passo Fundo (UPF). Para ela, é durante esta fase da vida que eles procuram viver de forma mais autônoma e ativa na sociedade.
— Quando pensamos no direito ao voto, podemos descrever como uma expressão fundamental da cidadania. E para os idosos, continuar a exercer esse direito traz um sentimento de pertencimento. Estar engajado na sociedade é crucial para o bem-estar psicológico de todos os cidadãos — explica a professora.
Sentimentos como isolamento social e solidão são comuns entre a terceira idade. Segundo Scortegagna, o senso de propósito pode ser benéfico para a manutenção mental, assim como a estimulação cognitiva também é fundamental para retardar o declínio cognitivo relacionado à idade.
Outro ponto é que, apesar de parecer complexa, a comunicação entre jovens e idosos, para a professora, é um dos fatores que motivam a melhor idade.
— Acho muito reducionista da nossa parte como sociedade, reduzir a capacidade do ser humano por conta da idade. A transgeracionalidade e esse convívio das pessoas mais velhas com as mais novas é muito enriquecedor. A troca que acontece entre elas enrique o tecido social — afirma Silvana.
Direito depois dos 70 anos
Desde os 18 anos, Celia Wagner Brasil participa das eleições municipais em Passo Fundo. Aos 78 anos, e acompanhada do marido de 74 anos, ela reside próximo a sua zona eleitoral e faz questão de participar da escolha política da cidade.
— Na última eleição eu só não votei porque não estava na cidade, mas se estivesse eu teria votado também. Eu acho muito importante continuar a votar, porque eu estou escolhendo alguém para me representar e trazer melhorias para o município — diz Celia.
E o contato entre gerações estimula o voto. Celia conta que assim como os netos a incentivam a ir as urnas, ela também faz o seu papel de avó e encoraja os jovens a decidirem o futuro dos representantes políticos.
O mesmo acontece com Ana Oliva dos Santos, que completou 70 anos e não pretende parar de votar. Preparada para mais uma eleição municipal, ela não enxerga a idade com um impeditivo para continuar a exercer esse direito.
— Na minha opinião, a pessoa que tem 70 anos, ou mais, tem que continuar votando. É um direito que temos. Quanto mais voto para quem fizer o bem pela cidade, melhor. Nunca deixei de votar e hoje incentivo minha família a fazer o mesmo — finaliza.