Por Jânio Vital Stefanello, presidente da Coprel
A gestão democrática é um dos sete princípios do cooperativismo, portanto, é requisito fundamental para a constituição de uma cooperativa. Prevê a participação dos cooperados nas principais definições da organização, a possibilidade de votar e ser votado para os conselhos e também na Assembleia Geral, órgão máximo na tomada de decisões de uma cooperativa.
Isso inclui a participação dos associados na administração da cooperativa — que, nós, da Coprel, chamamos de cooperantes, com o objetivo de englobar as diversas características que fazem com que sejam muito mais que associados e clientes: são atuantes na vida da cooperativa, cooperam com o crescimento e melhorias, participando de reuniões, pesquisas e assembleias.
A Coprel, que celebrou 56 anos de fundação em 14 de janeiro, sempre teve no aprimoramento de seu modelo de governança uma importante diretriz de sua atuação. Com o constante crescimento da cooperativa, organizamos os conselhos a fim de garantir a representatividade dos municípios em que a Coprel está presente. E compartilhar o funcionamento do modelo de governança da cooperativa é importante para reforçarmos nossa responsabilidade na gestão da cooperativa e também para a troca de ideias entre outras organizações cooperativas.
Conforme determinação do estatuto social da cooperativa, a Coprel realiza reuniões periódicas nos municípios de atuação, onde além da apresentação dos dados econômicos, técnicos e sociais, são eleitos três cooperantes para representarem o município como Conselheiros Consultivos. Os municípios que compõem o conselho consultivo, por sua vez, são divididos em 7 regiões, de acordo com sua localização geográfica e características socioeconômicas.
A eleição dos Conselhos de Administração e Fiscal segue um regimento que determina a representatividade de todas as regiões, resultando em um conselho que de fato representa toda a área de atuação da Coprel. Os conselheiros de Administração e Fiscal se reúnem mensalmente e todas as decisões estratégicas passam pela avaliação destes líderes, que também acompanham e fiscalizam as atividades da cooperativa e sua saúde financeira, assessorados por consultoria externa.
No mês de fevereiro, a Coprel tradicionalmente realiza a reunião preparatória para a Assembleia Geral Ordinária (AGO), onde as regiões indicam os nomes dos conselheiros que devem ser ainda referendados na AGO. O conselho de Administração tem mandato de quatro anos, enquanto o conselho fiscal renova dois terços de seus membros a cada ano.
Ao longo de mais de cinco décadas, todo o direcionamento das ações da Coprel passou pela avaliação dos conselhos — de onde também surgem ideias e propostas para a cooperativa. Cito como principal exemplo o ingresso da Coprel na área de Telecom — uma demanda apresentada de modo especial pelas mulheres, que viam na falta de internet de qualidade no campo o principal motivo da saída dos filhos para as cidades.
Com infraestrutura de qualidade no interior, agora presenciamos o caminho inverso — os jovens buscam qualificação permanecendo (ou retornando) à propriedade rural, com novas ideias e possibilidades para a geração de renda e implementação de novas tecnologias.
Com responsabilidade e profissionalismo, buscamos sempre o aprimoramento do modelo de governança, respeitando a cultura e tradição da cooperativa, promovendo uma gestão dinâmica e apostando na inovação, para estarmos alinhados ao que nossos cooperantes esperam para o presente e o futuro da Coprel.
Jânio Vital Stefanello é presidente da Cooperativa Coprel e da Confederação Nacional das Cooperativas de Infraestrutura (Infracoop).