Gramado é o centro das discussões do cooperativismo nesta quinta (30) e sexta-feira (1º). Cenário, perspectivas e desafios estão em debate no Fórum dos Presidentes, promovido pelo Sistema Ocergs, no hotel Wish Serrano. Como se tornar atraente para o novo consumidor, por exemplo, foi um dos pontos levantados durante o painel de abertura.
A convite da Ocergs, acompanhei o primeiro dia de Fórum e conversei com o presidente Darci Hartmann. Ele falou de temas em debate e do que imagina para o futuro do cooperativismo. A profissionalização das cooperativas é uma das questões que ele pontua como importantes. O presidente da Ocergs também comentou a operação policial envolvendo ex-gestores da Cooperativa Piá. Confira:
Quais são os principais temas em discussão?
Estamos fazendo uma avaliação. O ano foi desafiador, mas todos os anos são, e nos momentos de crise muitas vezes surgem as grandes oportunidades para o cooperativismo. Nós temos que trabalhar mais a questão da profissionalização, da verticalização, da cooperação transversal, buscando mais negócios entre as cooperativas para que nós possamos nos profissionalizar e buscar um crescimento cada vez maior e share de mercado, porque a organização, além de ter essa representação institucional, ela também, agora nesse mandato, está se propondo a ser uma empresa que vai desafiar, vai buscar alternativas de gestão e de profissionalização para que nós possamos preparar essas cooperativas para os futuros associados que virão e vão ter novas necessidades e expectativas, e nós temos que estar preparados para tudo isso.
Qual o balanço do setor neste ano?
O crescimento em alguns setores foi substantivo. Em outros, ficou praticamente estagnado, como o agro, com essas todas essas crises. Mas, acima de tudo, mostrando a resiliência do sistema que precisa crescer cada vez mais no sentido de poder buscar a profissionalização e a rentabilidade. Faturamento é uma coisa importante, mas muito mais importante que o faturamento é o resultado. É através do resultado que você presta todo o serviço para o seu associado, distribui resultados e faz o desenvolvimento social integral.
O encontro fala sobre o futuro da economia e as perspectivas para o cooperativismo. Quais são as suas perspectivas?
Sou um otimista por natureza, mas um otimista realista. Eu não posso ser sonhador. Eu acredito que tem muitas oportunidades com o cooperativismo. Se nós olharmos o ano passado, o PIB no Estado caiu 5,3% e o cooperativismo cresceu 12%. Isso mostra o quão importante é o cooperativismo e a capacidade de crescimento. Esse ano vai crescer também. Não sei como vai ser o crescimento do Estado, mas acreditamos que vamos crescer, ter mais associados. Eventualmente, alguma cooperativa fica no caminho, mas isto é da natureza da economia, da globalização e do capitalismo, mas o que nos norteia muito é se estamos aumentando o número de associados. Estamos crescendo cerca de 10% do número de associados das cooperativas no Rio Grande do Sul.
Por que o cooperativismo cresce enquanto outros setores caem?
Cresce porque tem essa capilaridade onde cada associado é dono, onde ele sente este pertencimento, valorização, esse trabalho de integração, onde ele pode participar das assembleias, ele pode discutir a destinação de seus resultados, ele pode ser usuário desses resultados, é um sistema que mostra realmente que veio para ficar. Eu acredito muito que no futuro nós precisamos ter menos radicalizações de direita e de esquerda, nós precisamos ir para um cooperativismo muito mais integrado para gerar desenvolvimento.
Na manhã desta quinta-feira (30), a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão e bloqueio bens de ex-gestores de Cooperativa Piá. Qual o posicionamento da Ocergs?
Nós, como organização, pelo Estatuto da organização e pela lei cooperativa, não podemos interferir em nenhuma cooperativa. A gestão é feita pela cooperativa, pelo seu conselho de administração, pelo seu conselho fiscal e por sua assembleia. Eles são autônomos por excelência. O que se pode fazer é o aconselhamento. A Ocergs participou dessas discussões, foi presente e se existe alguma não legalidade, aí os órgãos competentes têm que buscar isto e é remetido para uma seara que não nos cabe comentar porque são situações que fogem da nossa alçada.
Cooperativismo tem sido sempre um bom exemplo. Como fica quando surge um caso assim?
O cooperativismo tem essa vantagem para o bem e para o mal. Quando uma cooperativa sangra, todas sangram. Uma empresa privada entra em recuperação judicial, as outras não sangram. Por isso que aumenta a responsabilidade do cooperativismo no sentido de buscar cada vez mais, através do monitoramento, das consultorias, da gestão, para que possamos mitigar isso e profissionalizar cada vez mais, e o caminho é a profissionalização. Que nós não tenhamos no futuro esses exemplos, mas exemplos bons de crescimento. Se nós olharmos as 371 cooperativas que temos no Rio Grande do Sul, temos uma ou duas com dificuldades, então, o percentual é muito baixo.