Atualmente, apenas 6% dos resíduos gerados em Passo Fundo, no norte do Estado, passam por reciclagem. Na opinião de quem trabalha com a triagem e destinação dos materiais, o número poderia ser maior se houvesse melhor separação por conta da população e maior apoio das empresas que são grandes geradoras. Apesar de baixo, o valor é maior do que a média nacional, com índice de 4%.
A cidade tem a coleta dos materiais dividida em dois segmentos: recolhida por meio dos 550 conteineres no Centro e porta a porta nos bairros. Todo o material é destinado a associações e cooperativas de recicladores conveniadas com a prefeitura.
Somente na Associação de Recicladores Parque Bela Vista (Recibela), são 160 toneladas de resíduos reciclados por mês. O valor é próximo da quantidade de resíduos totais produzidos por dia na cidade: 170 toneladas. Por meio de contrato anual, assinado e renovado com a prefeitura desde junho de 2017, são pagos R$ 52 mil mensais pelo serviço.
A Recibela foi primeira cooperativa a assinar contrato com a prefeitura, servindo de modelo para as demais. Ao todo, são 67 pessoas que trabalham na cooperativa, em espaço cedido pela prefeitura na linha São João da Bela Vista.
— Temos muita dificuldade na qualidade que chega o material, vem tudo misturado, orgânico com seco, móveis, eletrônicos estragados e contaminantes. Até resíduos de veterinárias a gente encontra. E a nossa estrutura e maquinário são muito defasados, então o valor do contrato vai todo pra isso, para manutenção e nossos equipamentos de proteção — relata a cooperada e tesoureira da Recibela, Marluce de Ramos.
O modelo
Na região central da cidade, o caminhão da coleta seletiva recolhe dos contêineres diariamente, de segunda-feira a sábado. Nos demais bairros, a coleta seletiva é feita pela empresa Bella Citta e, podendo ser agendada com as associações de reciclagem que possuem convênio com a prefeitura para retirada.
Entre elas, a Cooperativa Amigos do Meio Ambiente (Coama) trabalha por meio de coleta solidária e agendamento, reciclando cerca de 22 toneladas por mês. É seguido um itinerário semanal pela Vila Rodrigues, e demais residências e empresas que queiram se conveniar para a coleta. A Coama trabalha com materiais em vidro, metal, papel, plástico e óleo de cozinha.
A reclamação da falta de separação também é relatada pela cooperada e secretária da Coama, Raquel Fernandes. No caso da associação, é possível tanto se cadastrar para ter a retirada em domicílio, quanto levar até a sede na Vila Popular.
— A separação é muito complicada, as pessoas não entendem que precisam separar o orgânico do seco. No nosso caso, nós vamos até as pessoas, mas também permitimos que tragam no nosso galpão. Então orientamos que, quem puder, pode trazer até nós, pois o caminhão é grande é difícil de conseguir estacionamento em alguns locais — explica Raquel.
Cooperativas
São quatro empresas conveniadas com a prefeitura para fazer a separação: Cooperativa Amigos do Meio Ambiente (Coama), Associação de Recicladores Esperança da Vitória (Arevi), Cooperativa Mista de Produção e Trabalho dos Empreendedores Populares da Santa Marta (Cootraempo) e Associação de Recicladores Parque Bela Vista (Recibela).
Questionado sobre a quantidade de resíduo reciclado na cidade, o secretário de meio ambiente, Rafael Colussi, avalia como positiva a coleta seletiva e que busca constantemente o aumento dos percentuais através de políticas públicas que trabalham a Educação Ambiental para a separação correta dos resíduos.
— A população tem papel fundamental, para que estas políticas sejam efetivas, quando faz a separação correta destes resíduos o que acaba por beneficiar as cooperativas de recicladores que fazem a triagem destes materiais, e colaboram na preservação do meio ambiente em que vivem — informou.