Inaugurada em março, a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) de Passo Fundo aguarda liberação da verba do governo do Estado para começar a receber os 20 detentos do presídio regional. No momento, estão sendo efetuadas as seleções das pessoas que passarão a cumprir pena no ambiente direcionado à ressocialização, com acesso a profissionalização, educação, terapia, saúde e religião.
Cerca de R$ 400 mil serão repassados pelo governo estadual para garantia de funcionamento de seis meses da instituição, cobrindo despesas administrativas, terceirizadas, de funcionários e de insumos básicos, como alimentação e limpeza. O decreto foi assinado pelo governador Eduardo Leite no dia último dia 31, e a expectativa é de que o valor chegue à Apac até o final do mês de abril.
De acordo com o diretor e presidente da Apac de Passo Fundo, Vinícius Toazza, cerca de cem detentos já demonstraram interesse na transferência para o local. Entre os requisitos, é preciso ter condenação, residir na comarca de Passo Fundo, ter bom comportamento nos últimos seis meses, se comprometer com as regras da Apac e ter saldo de pena superior a um ano no regime fechado.
— Estamos superando as expectativas da reação dos recuperandos diante do método, porque eles não estão acostumados com demonstrações de carinho e de afeto, o que vai refletir em uma mudança notável neles. Já percebemos como esse trabalho pode ser promissor para o futuro, e ansiamos por ver cada um deles nessa mudança — avalia Vinícius.
No momento, a Apac abriga seis pessoas, que auxiliaram na construção do prédio e estão cumprindo o final da pena. Eles estão sendo capacitados profissionalmente, com incentivo de término dos estudos. As estratégias de mudança comportamental serão aplicadas apenas nos 20 próximos apenados.
O prédio tem capacidade de 120 vagas, que deverão funcionar em sua totalidade conforme novas áreas tenham as obras entregues.
Na prática
Inicialmente, três detentos serão selecionados para serem os “estagiários” do método e ficarão por um período de 30 dias na Apac de Porto Alegre. Eles serão corresponsáveis por passar o método para os demais 17 apenados que virão de maneira escalonada do presídio regional de Passo Fundo, semanalmente.
— Esses três primeiros serão selecionados a partir do tempo de pena e do perfil, será preciso ter um espírito de liderança, para aprender a metodologia e auxiliar no ensino dos demais. Isso funciona porque sempre temos que ter maioria já habituada ao método em relação com os que estão chegando — explica o diretor.
Ainda no mês de abril, a Apac deverá abrir seleção pública de quatro funcionários, que atuarão como monitores e inspetores de segurança, para fiscalização do local.
A rotina
Com equilíbrio entre alta disciplina e apoio ao recuperando, todos se revezam na limpeza e na alimentação do local, com horário para despertar, às 6h, e para dormir, às 22h. Para as atividades diárias, haverá espaços de trabalho, como marcenaria, plantio e costura. A Apac também terá suínos, galinhas e gansos sob os cuidados dos apenados.