Nadja Hartmann

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Opinião

Diante de superlotação, prefeitura deve repassar R$ 3,6 milhões aos dois maiores hospitais de Passo Fundo

Projeto, que tramita em regime de urgência na Câmara, propõe o repasse mensal de R$150 mil aos Hospitais São Vicente e de Clínicas pelo período de 12 meses.

Nadja Hartmann

Passo Fundo

Por Nadja Hartmann, jornalista

Foi protocolado em regime de urgência na Câmara de Vereadores um projeto de lei (PL) do executivo municipal que visa garantir o repasse de recursos para o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) e Hospital de Clínicas (HC) de Passo Fundo

O valor do repasse é de R$ 150mil mensais para cada instituição pelo período de 12 meses, totalizando R$ 3,6 milhões. Na justificativa do projeto, o Executivo argumenta que o repasse tem como objetivo agilizar a prestação dos serviços de pronto atendimento no âmbito do SUS, garantindo a diminuição da espera dos pacientes pelas consultas e a manutenção dos atendimentos. 

Há algumas semanas, os maiores hospitais do município vem operando com capacidade máxima e superlotação das emergências. No HSVP, por exemplo, a taxa de ocupação é de 170% e já há pacientes sendo atendidos em macas improvisadas. 

Se aprovado, esta não será a primeira vez que o município repassa recursos do orçamento aos dois hospitais. Entre 2020 e 2021, devido a pandemia, houve o repasse de cerca de R$3 milhões.

Consórcio e UPA

Segundo o vereador Nharam Carvalho (União Brasil), a proposta do Executivo foi feita a partir de uma reivindicação encaminhada pela Comissão de Saúde ao prefeito Pedro Almeida. 

O vereador, que preside a Comissão, destacou que antes de encerrar os trabalhos, a Frente Parlamentar iniciará uma movimentação pela criação de um consórcio intermunicipal, onde os municípios que enviam pacientes para atendimento nos hospitais de Passo Fundo, passem a também repassar recursos para as instituições, modelo já adotado por outros municípios polos regionais de saúde. 

Diante da gravidade da situação, até mesmo vereadores da oposição defenderam o projeto do Executivo que entrou em discussão prévia na sessão desta segunda-feira. Porém, com algumas ressalvas... A vereadora Eva Lorenzato (PT), por exemplo, questionou se o repasse seria mesmo a solução mais adequada para resolver o problema das emergências e defendeu a implantação de uma UPA no município. 

Segundo ela, Passo Fundo é um dos únicos municípios de médio a grande porte do Estado que não possui uma Unidade de Pronto Atendimento para atender a população.

Omissão (?)

É grave o episódio relatado pelo vereador Altamir dos Santos (Cidadania), onde ele diz que foi agredido fisicamente por um servidor público municipal. Segundo o vereador, que registrou boletim de ocorrência, ao se dirigir a um funcionário no pátio da secretaria de Transporte e Serviços Gerais, ele teria lhe desferido um soco. 

O caso merece ser investigado com rigor e celeridade pela prefeitura, que ainda não se manifestou sobre o ocorrido. A surpresa, porém, foi a falta de solidariedade ao vereador pelos seus colegas na Câmara, incluindo, a Mesa Diretora. 

Enquanto o grupo da oposição nem ao menos se manifestou, vereadores da situação se preocuparam mais em defender o funcionário, que segundo eles, tem uma conduta nota dez. Alguns, inclusive, chegaram a colocar em dúvida o relato do vereador. 

Independentemente da competência do funcionário, o fato é que um vereador relata ter sido agredido fisicamente na atribuição de suas funções e isso não pode ser tratado ou menosprezado como um problema pessoal envolvendo dois indivíduos. Pelo contrário, envolve a Câmara e a Prefeitura como instituições, e por isso, passa a ser um questão institucional. 

Quanto a investigação, as câmeras de vigilância do local e testemunhas irão dar conta de esclarecer. Mas até lá nada justifica a omissão e o silêncio dos dois poderes envolvidos...

Ponto alto

Diante da dinâmica da política, é mais do que comum um gestor público ter que abraçar “deus e o diabo”, não no sentido literal, é claro... A visita do vice-presidente Geraldo Alckmin a Passo Fundo na próxima sexta-feira será, sem dúvida, o ponto alto da programação da semana do município e o auge da agenda positiva criada pelo prefeito Pedro Almeida. 

Lembrando que no aniversário da cidade de 2024, as comemorações com a presença do prefeito terão que ser bem mais discretas em função da legislação eleitoral... A importância e o significado da visita, porém, não descarta alguma saia justa para o prefeito na campanha eleitoral do ano que vem, servindo de munição para a direita...

Esquerda

... É que a presença de Alckmin vai representar uma reaproximação – devidamente registrada em fotos – do prefeito com a esquerda e, em especial, com o PSB, partido que faz parte da administração mas que ele vinha tentando se descolar em nome do esforço de alinhar o seu nome mais à direita, já que os quase 60% de votos de Bolsonaro em Passo Fundo assombram as eleições municipais. 

Além disso, o vice-presidente vem acompanhado de duas grandes lideranças da esquerda no Estado, o secretário de Comunicações Paulo Pimenta e o presidente da Conab, Edegar Pretto, um dos principais nomes cotados para concorrer ao Piratini pelo PT em 2026. 

Falando em Piratini, o governador Eduardo Leite também confirmou presença na solenidade marcada para as 10h na Be8.

Entre em contato com a colunista pelo e-mail: nhartmann@upf.br

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