Quem passou pela RS-324 entre Passo Fundo e Ronda Alta nas últimas semanas percebeu um cenário diferente: a vegetação ao lado da rodovia ou foi queimada ou ainda está em chamas em diversos pontos do trecho de quase 80 quilômetros.
Entre as duas cidades, no município de Pontão, era possível ver a fumaça nos dois lados da rodovia na tarde de terça-feira (27). Segundo a dona de casa Maria Ávila, as queimadas mudaram o cenário.
— Vinha bastante cheiro forte, ficava tudo esfumaçado. A roupa fica cheirando e tem que ir se virando como dá — disse.
Os motoristas que passam pelo trecho na RS-324 também estão expostos ao perigo causado pelas chamas — é comum que o excesso de fumaça impeça a visibilidade da pista. O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) orienta a não atravessar as barreiras de fumaça.
— Se ver que está com visibilidade zero, retorne. Há o perigo de parar na rodovia e o fogo se alastrar até o carro e o motorista, ao descer, se intoxicar com a fumaça — destaca o tenente Lizandro Niquelle, que é comandante do Pelotão Rodoviário de Passo Fundo.
As queimadas que alteram o cenário da RS-324 e de outros lugares do Estado e do Brasil podem ter diferentes origens, mas, na maioria dos casos, são causadas por ação humana.
Um dos principais usos do fogo em vegetação costuma ser para limpeza para posterior cultivo agrícola, o que atualmente é uma prática proibida.
Número de queimadas em 2024 é menor que 2023
Embora o incêndio em vegetação seja registrado com frequência no Rio Grande do Sul, o volume de registros caiu de 1º de janeiro a 26 de agosto de 2024 em comparação ao mesmo período do ano passado.
Conforme o 7º Batalhão de Bombeiros Militares (BABM), foram 249 casos de incêndio em vegetação na região de Passo Fundo e outros 100 municípios de 1º de janeiro e 26 de agosto deste ano.
O número representa redução de 8% em relação ao mesmo período de 2023, quando a corporação atendeu a 271 chamados.
Em todo o Rio Grande do Sul, foram 3.093 incêndios em vegetação até 26 de agosto deste ano, 46% a menos que os 5.734 registrados no ano passado.
Embora haja redução, o Corpo de Bombeiros alerta que a situação preocupa pois os meses de maior incidência das chamas ainda estão por vir.
— Estamos no final de inverno e a longos períodos sem previsão de chuva. Por isso, é importante conscientizar a população para que evite colocar fogo em terrenos e jogar bitucas de cigarro às margens das rodovias, que podem ocasionar incêndios de grandes proporções — alertou o capitão do Corpo de Bombeiros de Passo Fundo, João Fornasier.