Câmeras de videomonitoramento flagraram o momento exato em que ocorre a microexplosão climática em São Luiz Gonzaga, na noite de sábado (15). O equipamento, que fica na esquina da Rua Treze de Maio com a Avenida Senador Pinheiro Machado, no centro da cidade, captou como o tempo mudou repentinamente entre as 22h29min e 22h31min (assista acima).
Um minuto antes das 22h30min não chovia no local. Não passam 60 segundos até que começa o que parece ser uma tempestade, com granizo, chuva e vento forte. Conforme a Defesa Civil, o município de 34,7 mil habitantes do noroeste gaúcho foi atingido por uma microexplosão climática — fenômeno que ocorre quando há o choque entre uma massa de ar quente e uma massa de ar frio.
Ao todo, oito bairros da cidade, em especial da zona leste, registraram estragos. O centro, mostrado na imagem, está entre os menos afetados. Ao todo, 1,2 mil casas tiveram danos, em especial destelhamentos, e há 400 desalojados. Pelo menos uma pessoa ficou ferida, com lesões leves.
— Ficamos na área do fundo, abraçados, porque achamos que íamos morrer. Voou muita telha dos vizinhos para o nosso pátio e as árvores parecia que iam cair todas. Foram cenas de terror. Quando o tempo deu uma brecha, entramos em casa e a água entrava pelas portas e janelas. Foram momentos de horror e muita tristeza, a gente achou que não ia sobreviver — relatou a cozinheira Laira Wolff, moradora do bairro Agrícola.
No momento, a população se organiza na limpeza dos bairros afetados. Conforme informações da Defesa Civil municipal, 140 militares auxiliam na retirada de entulhos das ruas, com máquinas e caçambas cedidas dos municípios vizinhos de Bossoroca, Caibaté e Mato Queimado.
Segundo o prefeito Sidney Brondani, a cidade ainda calcula o prejuízo financeiro deixado pelo temporal. As equipes se reuniram durante a manhã para avaliar as prioridades, mas o foco agora é a reconstrução do que foi perdido.
Entre os estragos está um armazém da Coopatrigo, uma das maiores cooperativas agrícolas do RS, que ficou completamente destruído. Pelo menos seis escolas — sendo quatro municipais e duas estaduais — estão sem aulas. A Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) também suspendeu as atividades por tempo indeterminado.