A tradicional Feira do Produtor de Passo Fundo enfrenta prejuízos de hortifrúti em meio ao excesso de chuva que causou mortes e estragos no Rio Grande do Sul desde o começo de maio. Só em Passo Fundo, choveu 306,8 milímetros de 1º a 15 de maio, conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), mais que o dobro da média histórica prevista para o mês, de 150mm.
O alto volume de água prejudicou a produção de frutas da estação e, especialmente, hortaliças. Nesta quarta-feira (15), cerca de 10 expositores do hortifrúti participavam da feira, 25% do total de feirantes. Com estoques baixos, muitas gôndolas já não tinham mais produtos na metade da manhã.
Jordano de Moraes, produtor do distrito de São Roque, conta que levou verduras suficientes para vender até as 12h. Nas quartas-feiras, a feira vai das 9h às 17h.
— Eu perdi mais de 30 mil pés de alface com as chuvas, trouxe os que eram possíveis. São praticamente mini alfaces, mas é o que temos para oferecer. Confesso que nunca pensei que iria colocar para venda alfaces tão pequenos — disse.
A situação é difícil por causa das condições climáticas. Com menos iluminação solar, os produtores que plantam em campo aberto têm prejuízos, relatou o presidente da feira, Mércio Michel.
— Nós, que temos só produção de estufa, em ambiente protegido, estamos perdendo praticamente 90% da produção. Isso ocorre pois a sementa não germina, ou germina e morre, às vezes se desenvolve um pouco e morre no meio do caminho, além das doenças que surgem nos alimentos. Mas a situação é pior para os produtores que plantam em campo aberto, esse infelizmente não está conseguindo produzir nada — relatou.
Preços estão altos para a qualidade do produto, relatam consumidores
Enquanto pesquisavam produtos na feira, a aposentada Maristela Maritan e a dona de casa Sueli Farias relataram preços "salgados" para a qualidade do hortifrúti vendido em Passo Fundo.
— Além da oferta ser pequena, o preço não condiz com o que é ofertado. O valor está o mesmo de produtos em condições normais, mas os produtores não têm culpa, em suas atividades são reféns do tempo — comentou Maristela
— As verduras sofreram bastante. Estão bem pequenas e murchinhas, enquanto o valor continua o mesmo — completou Sueli.
Segundo Michel, a maioria dos produtores optou por não aumentar o preço do hortifrúti justamente pelo tamanho inferior dos produtos, em especial tomate e rúcula. Em alguns casos, houve aumento dos produtos que vêm de outros estados ou municípios por causa do valor cobrado pelo transporte, que precisa fazer desvios para chegar à cidade após danos nas estradas.
— Aqui em Passo Fundo, ainda estamos conseguindo produzir repolho, temperos, alho poró, aipim... O que vem de fora, como brócolis, maçã, caqui e bergamota, podem estar com preço mais alto — pontuou Mércio.