A família de Chandler da Silva Machado não esperava que, depois de velar e enterrar o homem de 26 anos, ele apareceria vivo. Machado foi dado como morto na última sexta-feira (17), quando foi confundido com uma vítima de meningite. O estado do corpo e a semelhança entre os dois, incluindo uma cicatriz semelhante na testa, colaboraram para a dificuldade na identificação do corpo.
A situação virou investigação da Polícia Civil de Passo Fundo, que agora tenta identificar de quem é o corpo dado como o de Chandler. Na tarde de segunda-feira (20), o homem foi até a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para comprovar que está vivo e fazer a coleta de impressões digitais.
— Um amigo meu me viu no bairro Zachia e disse que estavam noticiando nas redes sociais que eu estava morto. Aí ele gravou um vídeo pra enviar para o pessoal ver que eu estava vivo. Mas eu fiquei apavorado, o dia inteiro todo mundo me parava e dizia que eu tinha morrido. Achei que estavam brincando comigo — contou Chandler.
Depois de receber o vídeo, a irmã do rapaz, Stefanie da Silva Machado, fez uma chamada de vídeo com Chandler e comprovou que ele não tinha morrido. Conforme Stefanie, o homem falecido parecia de fato com o irmão. Além disso, ela teria ouvido de médicos que, em decorrência da meningite, ele poderia estar com as características do rosto alteradas
— A minha irmã correu me falar que alguém mandou o vídeo dele avisando que estava vivo. A gente, claro, pulou de felicidade, mas ao mesmo tempo levou um choque, até achei que o vídeo podia ser antigo — relatou Stephanie.
Chandler não era visto com frequência pela família, que informou que ele vivia na rua por decisão própria. Depois do ocorrido, ele deve morar com uma das irmãs em Erechim.
— Me abordavam perguntando se eu estava morto e tinha virado uma alma penada. Mas é bom dizer que eu estou vivo mesmo — riu Chandler.
A investigação
O caso foi encaminhado nesta segunda-feira (20) à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). De acordo com a delegada Daniela de Oliveira Minetto, titular da repartição, o próximo passo é descobrir a identidade do homem que foi enterrado.
— Como não há crime nesse caso, o que vamos fazer é buscar a identificação dessa pessoa que morreu no hospital. Como ele já foi enterrado, vamos ter que providenciar a exumação para fazer coleta de digitais, se ainda for possível. Senão, só material para perfil genético. Faremos isso com auxílio do IGP [Instituto Geral de Perícias] — explica a delegada.
A previsão é que a exumação ocorra em uma semana. De acordo com a Polícia Civil, já foi descartada a possibilidade do homem morto ser filho de pais que buscam por um desaparecido.