O Instituto Nacional de Metereologia (Inmet) emitiu três alertas laranjas para perigo de tempestade no Rio Grande do Sul, em especial nas regiões norte e noroeste do Estado. O primeiro vale até às 23h59min desta sexta-feira (6), quando há previsão de até 60 milímetros de chuva por hora e risco de rajadas de vento e descargas elétricas.
O segundo alerta de perigo estará em vigor durante todo o sábado (7), quando são esperados até 100mm de chuva no norte do RS e ventos intensos que podem alcançar velocidade entre 60 e 100 km/h em áreas isoladas. Neste caso, o Inmet aponta para possíveis estragos em plantações e queda de árvores, além do risco de alagamentos e granizo pontual.
Já no domingo (8), o terceiro e último alerta é voltado para a região das cidades próximas e na divisa com Santa Catarina (SC). O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) já prevê a elevação do nível do Rio Uruguai nos próximos dias, em decorrência das chuvas entre RS e SC.
As demais bacias hidrográficas do Estado estão normalizadas, mas ainda conforme o Cemaden, o final de semana deve ser marcado por pancadas de chuva e altos acumulados. Como consequência, o órgão já prevê a abertura de novos alertas e atualizações dos alertas vigentes.
Por que isso acontece?
Há um motivo para o aumento de chuvas na primavera de 2023: a estação, que já costuma ser a mais chuvosa do ano, está combinada com o El Niño, fenômeno climático decorrente do aumento da temperatura das águas do Oceano Pacífico. Em anos de El Niño, é comum que o Brasil enfrente mais chuvas no sul do país e seca no norte — situação que vivenciamos agora.
A diferença é que as regiões norte e noroeste do RS tendem a ser especialmente afetadas pelo fenômeno. Isso tem a ver com aglomerados de nuvens que se formam na região do Chaco, no Paraguai, tecnicamente chamados de Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM), como explica o agrometeorologista da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha.
Segundo ele, essas nuvens carregadas se deslocam de forma transversal sobre o sudeste da América do Sul e passam pela metade norte do RS e noroeste de Santa Catarina. A consequência são chuvas intensas, como as previstas pelo Inmet agora e aquelas que causaram estragos no começo de outubro e setembro de 2023.
— Nesse deslocamento sobre a América do Sul, esse aglomerado de nuvens atinge a parte norte do Estado até o centro, o que explica esse aumento de chuvas nessa época do ano, em especial na primavera. Por isso, em ano de El Niño, podemos sempre esperar essas características e chuvas mais intensas e frequentes — afirmou Cunha.
A previsão é que o El Niño siga, pelo menos, até março de 2024, o que indica que as fortes chuvas permanecerão frequentes até dezembro, quando termina a primavera.
— Esse ano comprovou a máxima de que a primavera é uma "estação problema" e exige atenção da Defesa Civil, ainda mais em anos de El Niño. Essas chuvas que deixam desalojados, causam inundações e enchentes, são muito frequentes e podem ser previstas.
Orientações da Defesa Civil
Nesta sexta-feira, a Defesa Civil de Passo Fundo, junto da prefeitura, alertou para a possibilidade de tempestades no fim de semana. Em reunião com órgãos de segurança, o poder público definiu ações e estratégias de contingência caso seja necessário atender a população.
Duas pontes já estão interditadas no interior do município. Em caso de rajadas de vento, a orientação é que as pessoas não se abriguem debaixo de árvores, pois há risco de queda e descargas elétricas. Outra orientação é não estacionar veículos próximos a torres de transmissão e placas de propaganda. Se possível, desligar aparelhos elétricos e quadro geral de energia.
Conforme o coordenador municipal da Defesa Civil, Jair Maffi, a orientação é que as famílias atingidas nas enchentes recentes procurem um local seguro para se estabelecer nesta noite.
— Poderemos ter os mesmos índices que alagaram áreas baixas da cidade, com chuva pontualmente forte, descargas elétricas, eventual queda de granizo e vento forte — alertou.
O contato da Defesa Civil de Passo Fundo é o mesmo da Guarda de Trânsito. O setor funciona 24h e atende pelo número (54) 3311-1195.
O número oficial da Defesa Civil é 199, mas nem todos os municípios da região têm atendimento neste canal. Por isso, uma alternativa para as pessoas em situação de emergência é acionar o Corpo de Bombeiros no 193.
Previsão do tempo para o fim de semana
Passo Fundo
Em Passo Fundo, o final de semana será de tempo instável, de acordo com o Climatempo. No sábado (7), com mínima de 14°C e máxima de 18°C, a previsão é de temporal pela manhã e noite com céu nublado e possível garoa. Estão previstos 55 mm de chuva.
Já no domingo (8), quando acontece a Romaria de Nossa Senhora Aparecida, o tempo estará chuvoso durante o dia e à noite. A mínima prevista é de 13°C e a máxima de 17°C, com 15 mm de chuva.
Carazinho
A previsão do tempo para Carazinho é muito similar à de Passo Fundo. No sábado (7), a mínima prevista é de 15°C e a máxima de 18°C, além de 45 milímetros de chuva; no domingo, a mínima prevista é de 14°C e a máxima de 17°C, com 12 mm de chuva.
Soledade
Seguindo uma tendência geográfica, Soledade é uma das cidades com temperaturas mais amenas: mínima de 11°C e máxima de 16°C no sábado (7), e variação entre 10°C e 15°C no domingo (8). O fim de semana também será de tempo instável e possibilidade de temporal, com até 60 mm de chuva no acumulado dos dois dias.
Marau
Conforme o Climatempo, para a cidade de Marau a previsão de instabilidade se mantém, assim como nos outros municípios. O sábado (7) deve ser marcado por 45 mm de chuva, mínima de 15°C e máxima de 19°C. Já no domingo chove menos, quando são esperados 12 mm e temperaturas variando entre 14°C e 18°C;
Erechim
Mais ao norte do RS, em Erechim, o tempo também estará instável durante todo o fim de semana. Para o sábado (7), o Climatempo prevê mínima de 13°C e máxima de 17°C, além de 45 milímetros de chuva; no domingo, a mínima prevista é de 12°C e a máxima de 16°C, com 11 mm de chuva.