Com a primeira fase das obras concluídas no fim de agosto, o Parque Linear da Avenida Brasil, em Passo Fundo, não facilita a circulação de pessoas cegas na cidade. O argumento é da Associação Passo-fundense de Cegos (Apace), que mostrou à reportagem de GZH uma série de falhas no piso tátil instalado no local.
Em alguns pontos, as faixas que deveriam servir para a independência de pessoas com deficiência visual direcionam para muros. Em outros, o piso tátil e começa e termina em trechos aleatórios, com destino a lugar algum. Fábio Flores, presidente da Apace, tem cegueira total e afirma que não consegue andar sozinho no parque.
— A execução está equivocada. Além de não ser funcional, é um risco. Em alguns locais está do lado da ciclovia, ou nos leva até canteiros e obstáculos. Hoje, posso dizer que não consigo me localizar no Parque — disse.
Onde o piso tátil não atende as pessoas cegas
Segundo Fábio, a forma como o piso tátil está instalado hoje não permite que cegos passeiem ao longo do parque, apenas que atravessem de um lado a outro da Avenida Brasil.
Um trecho observado pela reportagem mostra um local onde o piso tátil orienta que a pessoa com deficiência visual siga em frente na ciclovia, sem o alerta de que ali é uma via por onde passam veículos. Isso, segundo Fábio, faz com que a pessoa cega dependa da cautela e da educação dos ciclistas, que param para este atravessar o trecho.
Adiante, no Parque Linear, a faixa tátil termina em um canteiro. Dessa forma, a pessoa cega precisa escolher um lado para seguir, sem auxílio das linhas. A saída é entrar na ciclovia ou na faixa de caminhada, que fica rente à rua.
— Do jeito que está, precisa ser revisto. Toda obra nova deveria ter acessibilidade universal e plena, para todas as pessoas. Nesse acaso, a gente não quer achar um culpado, queremos achar soluções, para que realmente exista a acessibilidade — disse Fábio.
O que diz a prefeitura
Em nota, a prefeitura informou que na sexta-feira (27), a Secretaria de Planejamento fará uma vistoria no local, junto com a Apace. A partir daí, se for constatada a necessidade, as autoridades solicitarão adequações à empresa responsável pela obra.