Passo Fundo registrou cerca de 328 milímetros de chuva em quatro dias, de acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). O volume anotado entre sexta (1º) e segunda-feira (4) foi o dobro do previsto para o mês de setembro, de 165 milímetros, segundo o Climatempo.
A passagem de um ciclone com baixa pressão pelo Estado deixou 131 pessoas desalojadas em Passo Fundo, conforme dados da Defesa Civil divulgados na terça-feira (5). Um homem morreu após receber uma descarga elétrica durante a tempestade, no bairro Entre Rios, na segunda-feira (4). Até o momento, não há estimativa do total de pessoas afetadas no município, direta ou indiretamente.
Meteorologista do Climatempo, Josélia Pegorim afirma que as chuvas devem continuar em Passo Fundo ainda nesta semana, após a trégua registrada na terça-feira, que teve sol e céu azul no município. Para esta quarta-feira (6), a previsão indica sol com algumas nuvens e temperatura amena.
Segundo a meteorologista, as pancadas de chuva devem retornar na quinta (7) ao município, com intensidade de moderada a forte. Na sexta-feira (8), uma nova frente fria deve atingir a cidade.
Já no sábado (9), o predomínio será de céu nublado e chuva na região. Para o domingo (10), existe expectativa de alguns períodos com sol, mas as pancadas de chuva podem acontecer, sobretudo à tarde e à noite.
— A previsão de chuva para os próximos dias não fica apenas com Passo Fundo, mas em todo o Rio Grande do Sul. Vai ter muita água ainda. É uma situação extremamente preocupante — alerta Josélia.
El Niño e queda acentuada de pressão explicam volume
A chuva volumosa para o Rio Grande do Sul já estava prevista desde a última semana, conforme a meteorologista Josélia Pegorim, e ocorreram de forma torrencial em razão de uma queda de pressão atmosférica muito acentuada sobre o Paraguai e o sul do Brasil.
Além disso, a circulação de correntes de ar quente e úmido, com origem no norte do Brasil em direção ao sul, contribuíram para o volume de água.
— Quando você tem esse ar quente e úmido, com a queda de pressão atmosférica muito acentuada, é uma condição básica para você ter formação de nuvens muito carregadas. Essa situação persistiu, começou a ocorrer entre quinta e sexta-feira. Essa é a uma condição que não foi a primeira vez que aconteceu neste ano, mas, desta vez, atingiu Passo Fundo — afirma.
Josélia pontua que eventos com muita chuva têm sido recorrentes desde meados de junho e estão relacionados ao fenômeno El Niño.
— O El Niño é o aquecimento anormal da água do oceano pacífico, ao lado da costa do Peru. Quando se tem essa anomalia de aquecimento nesta região, ela causa interferências profundas na circulação de ventos e na pressão atmosférica sobre a América do Sul — explica.
O fenômeno facilita o direcionamento de correntes de ar quente e úmido do norte para o sul do Brasil.
— Quando se tem essa atmosfera muito quente e úmida, você já tem condições básicas para a formação dessas nuvens muito carregadas, que são as nuvens que provocam essas tempestades todas, com ventanias e muitos raios, como aconteceu em Passo Fundo e na região — completa.
Abrigos para os desalojados
A prefeitura disponibilizou três locais para atender os atingidos pela chuva: o Centro Pop, a Casa de Passagem e o ginásio da Paróquia Santo Antônio, no bairro Petrópolis.
A cidade decretou situação de emergência.