Seria viável viver em uma casa onde os tradicionais tijolos foram trocados por garrafas de vidro? Para o biólogo Alexandre Vieira, sim. As paredes da residência onde mora, no bairro Lucas Araújo, em Passo Fundo, foram feitas com mais de oito mil garrafas enfileiradas.
Apenas os pontos que servem de base à estrutura são feitos de madeira. A construção começou em fevereiro de 2018 e terminou em setembro do mesmo ano. Ele teve a ideia ainda na faculdade de Biologia, durante o trabalho de conclusão de curso.
— Eu pensei em como viver em um local que preserva o ecossistema e não polui o meio ambiente. Veio a ideia das garrafas, um produto que, quando jogado fora demora 1 milhão de anos para se decompor. Aqui, serve para aquecimento, protege da chuva e não permite a entrada de animais — disse.
As garrafas que chegam vêm de doações da comunidade e passam por um processo de limpeza e retirada de rótulos. Outros materiais também são recolhidos e têm destinos diferentes, como é o caso de pneus, que são utilizados para a contenção do solo.
Já as caixas de leite serviram para fazer o telhado da casa e do galpão onde são feitos os trabalhos. Para a construção, foram usadas mais de 250 mil unidades. Por isso, a casa ganhou o apelido de “Ecolar”.
Tudo é reaproveitado
Além da casa com as garrafas de vidro, Alexandre e sua família contribuem com o meio ambiente de outras formas. Eles não usam, por exemplo, o sistema convencional de tratamento de esgoto.
— Eu mesmo faço o processo de decomposição dos resíduos orgânicos e, por consequência, gero gás por meio do sistema biodigestor — contou o biólogo.
O combustível natural é usado para aquecer a casa e preparar no fogão o café de todas as manhãs. Tudo fica em meio à natureza e árvores frutíferas preservadas há anos na propriedade da família.
Aberto para visitação
A intenção da Ecolar é receber acadêmicos de cursos como Engenharia Civil, Arquitetura, Biologia e áreas afins, para que possam conhecer o espaço e inspirarem-se no conceito a partir de setembro.
No futuro, a missão é abrir as portas e receber também estudantes das escolas de Passo Fundo e região para desenvolver atividades voltadas à educação ambiental.
Interessados em destinar garrafas ao projeto podem entrar em contato pelo telefone (54) 9 688 7766.