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Duas servidoras de uma casa de acolhimento de Passo Fundo relatam que foram agredidas por um adolescente atendido pelo serviço, na última semana. As agressões aconteceram durante o horário de trabalho das funcionárias, que atendem no local. Um boletim de ocorrência foi registrado.
O município conta com duas casas, que abrigam de forma provisória e excepcional crianças e adolescentes, inclusive aquelas com deficiência, com medida de proteção em situações de risco, como maus tratos, abandono e violências, cujas famílias ou responsáveis estejam impossibilitados de cumprir sua função de cuidado. Os jovens ficam na instituição até que seja possível o retorno à família de origem ou são realocados em uma família substituta. O período máximo de permanência é de 18 meses.
Na quarta-feira (28), a Câmara de Vereadores realizou uma reunião entre o Sindicato dos Servidores Municipais de Passo Fundo (Simpasso), com a presença das servidoras, Secretaria Municipal de Assistência Social (Semcas), Procuradoria Geral do Município, Ministério Público e parlamentares. Uma das vítimas afirmou, na ocasião, que as trabalhadoras sofrem com agressões físicas e verbais:
— Como vamos cuidar dessas crianças na situação que a gente está? Nós temos amor pelo que fazemos, se não teríamos saído da casa. O que pedimos é uma união para cuidar bem das crianças, mas precisamos estar bem, precisamos ser cuidadas — pontuou.
Atualmente, as casas de acolhimento no município atendem cerca de 25 crianças e adolescentes. Desde 2013, os abrigos já acolheram 472 pessoas, conforme a Semcas.
Ao fim do encontro realizado na Câmara de Vereadores, foram feitos apontamentos como a criação de um núcleo de saúde mental para ampliar o atendimento psicológico nas Casas de Acolhimento, a ampliação da divulgação do programa Família Acolhedora, oferta de atividades diárias às crianças e monitoria educacional e a construção de um plano de atendimento à primeira infância.
Repercussão
Ao comentar o assunto, a secretária interina de Assistência Social do município, Elenir Chapuis, frisou que situações de violência são pontuais e podem estar relacionadas ao perfil dos acolhidos:
— Os acolhidos reproduzem suas vivências e as pessoas que estão mais próximas, realizando com afeto e cuidado o trabalho, são os cuidadores e equipes diretamente envolvidas neste processo. Essas pessoas são as mais atingidas, em situações pontuais, que não é a prática dos serviços.
Segundo ela, os cuidadores passam por capacitações, reuniões e notificações ao órgão responsável pela saúde dos trabalhadores, sendo este um processo constante.
O promotor da Infância e Adolescência de Passo Fundo, João Paulo Bittencourt Cardozo, diz que o Ministério Público também acompanha o processo e reforça a ideia de que foi um caso pontual:
— Esse é um serviço de alta complexidade, com crianças e adolescentes que são os mais vitimizados que temos em nossa sociedade. São jovens que passaram pelas piores negligências. Na pré-adolescência e adolescência eles se tornam difíceis normalmente, então imagina nessas condições... Isso foi um caso pontual.
De acordo com o presidente do Simpasso, Éverson da Luz Lopes, os servidores das casas de acolhimento trabalham em situação de insegurança:
— Nós como sindicato e todas as servidoras compreendemos a situação das crianças e adolescentes que estão no local, mas precisamos garantir a saúde física e mental de todos. O Executivo deve oferecer condições de trabalho e segurança, estamos aqui para exigir que isso ocorra — cobra.
GZH Passo Fundo
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