Uma aventura, que vai começar em janeiro do próximo ano, toma forma na garagem da casa de Bruna Anacleto, de 30 anos, e Felipe Granville, de 38. A decisão do casal de Carazinho de "largar tudo" e viver em uma Kombi 1974, tomada há menos de um ano, trouxe para o presente o que eram conversas de planos futuros.
— Pensamos que era chegada a hora de fazermos essa virada de chave nas nossas vidas, porque a vida de trabalho incessante, sem tempo de lazer estava nos adoecendo — conta Bruna, que tem formação em História e é professora de filosofia na rede estadual de Educação.
Ela e Felipe, que é engenheiro mecânico e fotógrafo, começaram a viajar em 2015, quando fizeram um mochilão pela Argentina, Uruguai e Chile. Em 2018, as rotas passaram a ser motorizadas, com um Fusca que os levou até o Deserto do Atacama. Em 2020, então, a Kombi passou a ser o principal meio de transporte do casal, que decidiu não apenas se locomover no veículo, mas também morar nele. Até agora, a Kombi já rodou 35 mil quilômetros.
— A Kombi vai ter tudo para que sejamos autônomos sem precisar utilizar de campings ou pousadas no dia a dia, somente em casos que seja extremamente necessário, então vamos ter autonomia de água e luz, além de mobiliário todo necessário para cozinharmos e vivermos bem dentro desse pequeno espaço. Nossa primeira reforma na Kombi foi possibilitar que ficássemos em pé nela, já que uma das principais reclamações de quem viaja é de ter que fazer tudo sentados — relata a jovem.
A futura casa dos dois ganhou até nome: Kombi del Sur. Bruna conta que a inspiração veio do interesse dela e de Felipe na história, arte e cultura, já que é uma referência à obra “Nuestro Norte es el Sur”, do artista uruguaio Torres Garcia.
Sem medo do futuro
Apesar dos desafios pela frente, Bruna conta que não sobra espaço para sentir medo, já que a vontade de conhecer o mundo supera qualquer receio. O marco da viagem será o Alasca, na América do Norte, mas eles não pretendem parar por aí:
— Sempre falamos que temos medo de não tentarmos, ao menos. Temos tudo muito planejado de como vamos fazer para termos nossas rendas e nos mantermos bem ao longo do trajeto e a questão da apreensão e do medo é muito pequena perto da vontade que temos que ter um quintal novo a cada dia.
O casal vai trabalhar durante a viagem, que deve durar três anos, além de produzir conteúdos como fonte de renda. Pra isso, basta que eles estejam em um local com internet, em qualquer parte do mundo.
A fase de construção da Kombi, agora, é da instalação elétrica, dos painéis solares e todo o sistema com as baterias estacionárias, depois a hidráulica e a instalação das caixas d’água, para finalmente instalar os móveis.
— Tudo isso que estamos fazendo é na garagem da nossa casa, nós mesmos que iremos fazer toda a construção, além de ser muito legal participar disso, também não gastamos com mão de obra — conta Bruna.