Uma vida dedicada ao Ypiranga. Walmor José Vanz, hoje com 65 anos, relembra com carinho as histórias que marcam o centenário do Canarinho. Atualmente diretor de futebol do time de Erechim, ele teve o primeiro contato com o clube ainda na infância.
— Em 1964, ao lado da casa dos meus pais, morava um jogador que, mais tarde, fiquei sabendo que era o lateral Mário Carazinho. Sempre via ele saindo e chegando, então perguntei à minha mãe quem era. Me respondeu que era um jogador do Ypiranga Futebol Clube. Eu, curioso, aos meus 6 anos de idade, pedi que me explicasse o que era. Então, me relatou que se tratava de um time de campo, jogava no Estádio da Montanha e ela foi uma integrante da primeira torcida organizada do clube, "As Legionárias" — recordou Walmor em entrevista à GZH Passo Fundo.
Ele conta que por ser uma criança, sua mãe Etelvina Rosetti Vanz, tinha um zelo excessivo e não lhe deixava ir ao estádio. Mas a curiosidade em conhecer mais sobre o clube lhe fez acompanhar os jogos através das rádios locais. Sete anos depois, a primeira oportunidade de acompanhar o time presencialmente:
— Em 1971, um tio e um primo vieram para Erechim assistir a um jogo do Campeonato Gaúcho e perguntaram para minha mãe se eu poderia ir junto com eles. Ela deixou. Eu nunca mais esqueci desse dia, o Ypiranga venceu o Santa Cruz por 3 a 0.
Paixão pelo amarelo e verde
Além da curiosidade, a paixão pelo clube foi outro sentimento que cresceu com Walmor. Há 59 anos acompanhando o Canarinho, ele construiu boas memórias ao longo das quase seis décadas.
— Além do primeiro jogo do estádio, o jogo com maior público do Colosso da Lagoa me marca bastante. Fazer festa junto a outros 30 mil torcedores do Ypiranga, contra o Internacional, ao meio-dia, foi histórico. Apesar da derrota por 2 a 0, enfrentamos eles de igual para igual, com um timaço que contava com Manga, Figueroa, Falcão, Valdomiro, Claudiomiro, entre outros, foi muito marcante — disse ele, que completou com outras recordações:
— O acesso ao futebol gaúcho em 1989, depois de 12 anos na Divisão de Acesso, parou a cidade de Erechim. Foi uma festa inesquecível, assim como os acessos de 2008, 2014 e 2019, quando também voltamos ao Gauchão. As campanhas lindas na Série D e Série C. O mais recente e sem sombra de dúvidas, maior feito ao longo dos 100 anos foi o nosso vice-campeonato gaúcho em 2022. Isso ninguém vai poder tirar da minha memória. Eu vivi e acompanhei os maiores feitos do Ypiranga.
Dedicação ao clube
Desde 1992, além de exercer a profissão de médico veterinário, Walmor dedica um tempo da sua vida para ser voluntário do clube. Hoje o dirigente é responsável por administrar o quadro social, organizar e implementar novos consulados e também auxiliar no departamento de futebol. Ainda, tem como objetivo criar um acervo com informações históricas do Ypiranga, que foram perdidas ao longo dos anos.
— Fui convidado pelo Antônio Dal Prá, hoje vice-presidente da Federação Gaúcha, para ser conselheiro do clube. Desde então, mesmo com as trocas de direções, sigo ajudando em tudo que é possível. Trabalho para que as gerações futuras, o futuro do Ypiranga, possam conhecer o legado dos anos passados, e saber que além dos bons momentos, o clube também enfrentou diversos problemas financeiros e dois fechamentos em sua história. O primeiro foi em 1977 voltando profissionalmente em 1982, depois no início dos anos 2000, quando o Barão do Rio Branco, instituição de ensino, assumiu o clube com dívidas e ajudou na retomada do futebol, para sermos o Ypiranga expressivo e forte que somos atualmente — concluiu.