Todo dia é Dia da Mulher. Mas o 8 de março é marcado no calendário para exaltar a força feminina em vários aspectos e setores. A data foi reconhecida pelas Nações Unidas em 1977, e com o passar dos anos, as mulheres vão conquistando cada vez mais protagonismo, seja na sociedade ou no esporte. E não é apenas jogando, mas trabalhando com ele.
Está é a realidade de Lediane Tampa. Gaúcha de Constantina, de 33 anos, atleta de futsal — ala do Bitonto, da Itália e da Seleção Feminina de Futsal. Desde a infância, sonhava em trilhar o caminho que está hoje e celebra a evolução da modalidade, mas ressalta que o feminino ainda precisa de mais olhares voltado a ele.
— A evolução do futsal feminino é evidente quando percebemos que, hoje, existe um calendário no feminino que se aproxima do masculino. A nossa modalidade em si está melhorando, ano passado teve a primeira partida transmitida pela Globo, em rede nacional. Essas coisas trazem o fim da invisibilidade da modalidade, mas os investimentos ainda são muito focados no masculino, até por isso da diferença entre salários e estrutura. Acredito que com a evolução na briga pela igualdade, isso tem melhorado e muitas empresas têm buscado alinhar suas marcas aos esportes feminino, como acontece no vôlei e no skate. Espero que isso também possa ser visto no futsal — comentou Tampa.
Na temporada 23/24, na principal liga feminina da Itália, Tampa está tendo um destaque muito grande. Em 16 partidas disputadas, balançou às redes 13 vezes. A atleta ressaltou sobre a estrutura que tem atuando na Europa, em relação ao Brasil.
— Acho que ainda engatinhamos nos esportes femininos no Brasil, muita coisa ainda precisa ser estruturada. O futsal feminino no Brasil ainda está em fase de evolução. Coisa que está à frente aqui na Europa. Temos um calendário fixo durante toda a temporada, data de início, quando joga em casa ou fora, quando tem pausa para convocações de seleções, quando tem a parada para a Copa Itália, enfim tem um calendário anual completo antes mesmo da temporada iniciar. Ainda, aqui na Europa recebemos maiores salários e o nível competitivo é bem elevado.
Tal fato é levado em consideração na hora da convocação da Seleção Brasileira de Futsal. Na última competição oficial disputada, a Copa América, em setembro de 2023, das 15 atletas chamadas pelo treinador Wilson Sabóia, 11 atuavam fora do País. Mas apesar disso, Tampa disse que é uma constante evolução e que, com os avanços na modalidade, o feminino logo receberá mais incentivo. Portanto, apoia para que outras mulheres entrem no esporte, para assim diminuir a desigualdade.
— Espero que as mulheres não desistam e entrem ainda mais para o esporte. Estamos em uma modalidade onde todos sempre querem estabelecer que mulher não pertencem. Sempre nos dizem que “futsal/futebol é coisa de homem”, por isso peço que não se deixem abalar por esses comentários. Eu venci, estou aqui, é só não abaixar a cabeça e não deixar ninguém te dizer o que você pode ou não pode realizar — finalizou.