Nesta semana, parte da atenção dos torcedores gaúchos estará voltada para Ijuí. A cidade será o palco da decisão da Recopa Gaúcha entre São Luiz e Grêmio, na quarta-feira (28). Será a segunda vez seguida em que os clubes decidem o título. No ano passado, na Arena, o Grêmio foi campeão ao golear por 4 a 1.
Agora, jogando em casa, o Rubro tem a expectativa de surpreender o Tricolor e conquistar o título inédito. Em entrevista exclusiva à GZH, o presidente do São Luiz, Vilson Hepp, mostra confiança no seu time, principalmente, por conta da ausência de Suárez no lado azul, o que foi o grande diferencial na decisão de 2023.
— Tivemos oportunidades também, mas o Suárez fez uma grande diferença, né? E pecamos dentro de campo, diante de um clube do tamanho do Grêmio com um jogador diferente. Tinha toda a equipe (do Grêmio) também, mas o grande diferencial foi o Suárez naquele dia. Tivemos dificuldades, tivemos oportunidades de fazer também e não fizemos. No segundo tempo, aí sim, desandou. Eles têm uma estrutura melhor do que a nossa e, infelizmente, aconteceu a derrota — relembra.
O presidente do Rubro comparou as duas folhas salariais e ressaltou a força do engajamento da comunidade de Ijuí no apoio ao clube. Hoje, o São Luiz conta com 1.800 sócios ativos e com a força da torcida, o clube não perde em casa há 27 partidas. A última derrota foi para o Aimoré, no dia 18 de junho de 2022, pela Série D do Brasileirão.
No Gauchão, o time de Ijuí está em 8º lugar com 10 pontos. Ao mesmo tempo em que briga pela classificação, também está na briga contra o rebaixamento. Em meio a isso, o clube aproveita o bom momento na Copa do Brasil. Pelo segundo ano seguido, está classificado para a segunda fase da Copa do Brasil. Nesta temporada, já faturou R$ 1,7 milhão. Dinheiro que será utilizado para a construção de um centro de treinamentos e pagamento de contas.
Confira a entrevista com Vilson Hepp, presidente do São Luiz
GZH - Como a cidade está vivendo a expectativa sobre a final da Recopa Gaúcha em Ijuí?
Vilson Hepp - Orgulho está muito grande. A loucura é grande pelos ingressos. Claro que o jogo da Recopa vale títulos, né? Mas isso traz uma boa imagem para Ijuí. A conquista da Copinha do Rei Pelé, no ano passado, trouxe esse orgulho que tem hoje na cidade.
O São Luiz tem a decisão da Recopa e também tem uma vaga na segunda fase da Copa do Brasil. Considera que esse é o melhor momento da história do clube?
Talvez seja um dos melhores. Conquistamos tudo isso no segundo semestre (do ano passado), com muito sacrifício, muito trabalho, dedicação. Isso que traz um título, que nós todos trabalhamos ano passado na Copinha e, graças a Deus, estamos usufruindo dessa fase boa, o ápice do clube. Tem a Recopa, Copa do Brasil, temos o jogo de sábado (2) pelo Gauchão, também uma decisão para nós, buscando a classificação. Vamos jogar a segunda fase lá em Natal, na Copa do Brasil. Realmente, talvez seja um dos melhores momentos do futebol profissional dentro do clube.
O São Luiz já tem garantido pelo menos R$ 1,7 milhão nos cofres por conta da classificação na Copa do Brasil. Qual será o destino deste valor?
Temos alguns compromissos para cumprir das contas passadas e qualquer clube tem isso. Através da Copinha, que nós tivemos um aporte financeiro, como é visto no regulamento, estamos cumprindo os compromissos que assumimos no ano passado, com esse valor que está entrando no nosso caixa. Com certeza vai ter algum investimento dentro do espaço físico do clube. Pena que não estamos participando da Série D do Brasileirão deste ano. Infelizmente, terminando o compromisso com o futebol em março ou abril na Copa Brasil e no Gauchão, estaremos parando com o futebol. Mas, com certeza, vai ter esse valor que está vindo pela Copa do Brasil, que vai ser bem aproveitado dentro do clube. O espaço físico precisamos melhorar bastante, estamos buscando construir o centro de treinamento, que já está até encaminhado. São vários pontos encaminhados dentro do clube, então realmente um valor bastante expressivo para o clube do nosso porte. Estamos sonhando também de buscar vaga para a terceira fase da Copa do Brasil para realmente dar um suporte maior ainda.
O São Luíz conquistou duas vezes seguidas a Copa FGF, que oportunizou disputar duas Recopas contra o Grêmio. Como está sendo essa visibilidade do clube?
A importância é muito grande. Apesar de ser um clube menor, pequeno, estamos buscando o nosso espaço no futebol profissional, buscando sempre o melhor e montando um time bom. Uma equipe boa também faz a diferença. Há alguns anos o clube vem se preparando. Com todas as dificuldades, conseguimos vencer as barreiras que estamos enfrentando no dia a dia. São muitas pessoas envolvidas, comissão técnica, diretoria, conselheiros. Então, estamos vivendo um momento muito importante, gostoso e muito feliz. Tendo as oportunidades de disputar essas decisões com o tamanho do nosso clube, é muita emoção no final de cada jogo.
O clube é gerido por pessoas da comunidade mesmo?
Somos a capital das etnias. Então, realmente tem uma diversidade muito grande das etnias. E mais de 95% do nosso grupo de trabalho são voluntários. Tem 5% que realmente são assalariados dentro do clube. No dia a dia a gente se dedica, temos compromissos particulares e profissionais. Mesmo assim, tiramos um tempinho para fazer tudo isso dentro do clube e caminhar da mesma forma vitoriosa. O nosso município é uma cidade de voluntários. Tem uma energia muito positiva de fazer as coisas de voluntariados.
Quantos funcionários o clube tem?
Hoje, temos oito. Fora os atletas e comissão técnica e atletas.
Quantos voluntários trabalham pelo clube?
São mais de cem pessoas. E temos um número de sócios muito importante. Não é o suficiente, mas um dos maiores números de sócios do interior é em Ijuí.
Quantos sócios o clube tem?
São 1.800 ativos e mais 2.200 inadimplentes. Então só imagina, uma cidade de 80 mil habitantes. São 1.800 sócios ligados ao clube. Isso também dá uma sustentação boa na saúde financeira durante o ano. Não é o suficiente. Precisamos mais ainda para crescer cada vez mais. A tendência é para cada vez mais.
O São Luiz ainda não conseguiu confirmar a classificação para as quartas de final do Gauchão e ainda corre risco de rebaixamento. Você considera a situação preocupante nessa reta final?
Claro. A gente chega na reta final com o time que foi apresentado no Gauchão. Em várias rodadas nós fomos bem taticamente, apresentando um bom futebol, mas nas conclusões não tivemos a mesma sorte ou a capacidade de fazermos gol. Também fomos prejudicados pela arbitragem em alguns jogos. Agora, sábado (contra o Santa Cruz) é mais uma decisão para se manter na primeira divisão.
O São Luiz tem duas decisões. Quarta-feira contra o Grêmio, pela Recopa, e no sábado (2) a última rodada do Gauchão. Qual o clube vai priorizar, a Recopa ou a última rodada do Campeonato Gaúcho?
Os dois. Primeiro, o foco é quarta-feira na Recopa. Nós planejamos e a Recopa pode ser uma das maiores conquistas do clube. Estamos trabalhando para isso. E logo após, quinta-feira, vamos trabalhar muito, claro. Já temos planejamento para sábado também. Cada decisão é uma decisão. Estamos preparando para enfrentar toda essa adversidade que está acontecendo.
Nesse ano o Grêmio não tem o Suárez, tu acreditas que é possível equilibrar o nível de jogo?
É um jogo em casa com estádio lotado, com 70% da nossa torcida. Nossos jogadores têm conhecimento maior do nosso campo, da estrutura física, tudo isso ajuda. Lá em Porto Alegre, assustou o tamanho do estádio. A Arena é linda. Mas aqui dentro do estádio (19 de Outubro) podemos pensar no título, sim. Estamos trabalhando pra isso, para buscarmos esse título tão importante e acho que seria a coroação do nosso trabalho nos últimos meses.
Tu consideras o Tricolor favorito?
O maior compromisso é do Grêmio ganhar de nós, né? Mas vamos segurar, sim. Vamos trabalhar. Dentro de campo são 11 contra 11. Sabemos também da superioridade que o Grêmio tem hoje em termos de atletas. Mas dentro do nosso estádio estamos há 27 partidas sem perder. Então, queremos manter esse retrospecto. Tomara que aconteça de novo e que se mantenha esse número tão expressivo e difícil de fazer. Então, acreditamos também na nossa equipe para que possamos enfrentar o Grêmio de 11 contra 11 e buscar essa vitória.
Sobre a diferença salarial entre os clubes, você acha que isso pesa bastante dentro de campo?
Talvez, sim. O Grêmio tem uma preparação totalmente diferente da nossa, tem tecnologia, alimentação, busca jogadores maiores a nível nacional e mundial. A nossa folha salarial hoje representa 1% da folha salarial do Grêmio. Mas vimos os clubes menores vencendo os grandes clubes, mesmo tendo essa grande diferença salarial.
Qual é a folha salarial do São Luiz hoje?
Entre comissão técnica, jogadores e colaboradores, em torno de R$300 mil mensais. Isso durante o Gauchão. Aí na Copinha, no segundo semestre, os valores são bem menores. Em temos salariais e valores, o clube é bem inferior, mas temos capacidade com o profissionalismo de cada um aqui dentro do clube e buscar essa vitória que nós almejamos.
Por que você acha que a torcida do rubro deve acreditar no título do São Luiz contra o Grêmio?
Ela sempre acreditou. No Gauchão, em vários jogos fomos os melhores, colocamos dentro do campo um time competitivo, guerreiro e às vezes até superando a capacidade de cada um. A torcida nos ajuda bastante. Acreditamos sempre nessa força do nosso 12º jogador, que energiza muito mais a gente e, principalmente, o jogador dentro do campo. Então, apostamos na nossa vitória. Que possamos festejar diante da nossa torcida esse título tão almejado.