De todas as escolas afetadas pelo excesso de chuva no Rio Grande do Sul, a única que ainda não retomou as atividades foi a Escola Indígena de Ensino Fundamental Adalírio Lima Siqueira, em Passo Fundo.
A instituição que fica na aldeia kaingang Goj-Júr foi interditada em julho, depois da umidade ter prejudicado a estrutura e o telhado, que começou a ceder.
Os danos colocaram a estrutura entre as 21 escolas gaúchas enquadradas com “alto grau de impacto” no Mapa do Retorno, levantamento da Secretaria Estadual da Educação (Seduc) que acompanhou a volta das 2.338 instituições estaduais após a enchente. No mapeamento, a escola aparece com "retorno agendado" para 12 de agosto.
O local atende 19 alunos da educação infantil ao nono ano do ensino fundamental, todos da comunidade indígena. Com a escola interditada, os estudantes recebem trabalhos impressos e a educação não é como antes, disse o cacique Jocemar Mariano.
— As crianças estão tendo que se virar, contando com a ajuda de apenas uma professora, que mora dentro da aldeia. Os demais professores que davam aulas não moram ali e seguem suas vidas normais, então fica complicado — disse.
Segundo Mariano, a estrutura, que foi construída em 2022 pelos próprios membros da comunidade, nunca apresentou as condições ideais, mas as fortes chuvas de maio deixaram a situação ainda pior.
— Agora penso que só a reforma para nós não vai adiantar muita coisa. Do jeito que está, uma nova escola precisará ser construída.
A estrutura fica entre a rodoviária e o Rio Passo Fundo, onde existe uma área de 8.505 m² doada para a Funai e que hoje abriga a Aldeia Goj-Júr.
Até o final de 2022, a escola funcionou como extensão da Escola Estadual Indígena Manoel Inácio, de Água Santa. A partir de 2023, a instituição conquistou o status de unidade escolar estadual e entrou para o censo escolar do MEC, quando se habilitou para receber recursos federais no Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE).
O que diz a Seduc
Questionada, a 7ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) informou que um processo para a reforma do telhado já tramita na 7ª Coordenadoria de Obras Públicas (Crop).
— A escola deve receber nos próximos dias uma estrutura temporária, para retorno emergencial do atendimento presencial dos estudantes matriculados — disse a coordenadora da 7ª CRE, Carine Weber.
Segundo ela, os servidores, professores e estudantes da instituição começaram o segundo semestre letivo com aulas remotas e têm acompanhamento pedagógico da 7ª CRE.
Além dos recursos de alimentação, manutenção e aquisição de bens permanentes recebidos mensalmente, a escola recebeu duas parcelas de recursos extraordinários, totalizando R$ 60 mil.
— Esses valores serão utilizados para melhorias assim que desinterditada a edificação — finalizou a coordenadora.