Diferentes idiomas e sotaques formam a turma do curso de língua portuguesa da Universidade de Passo Fundo (UPF) para imigrantes e refugiados de Passo Fundo e região. São 17 alunos de oito países que se encontram, desde agosto, nas segundas-feiras à tarde em sala de aula. Suas origens são Chile, Cuba, Uruguai, Venezuela, Haiti, Senegal, Madagascar e Benin.
É o caso do Wood Bianki Joseph, 30 anos, que mora no Brasil desde 2018. O aluno do curso da UPF veio do Haiti e busca aprimorar a escrita com o curso. Ainda com traços do país norte-americano na fala, ele consegue conversar em português após cinco anos no território brasileiro.
— Para falar já é difícil, para escrever é ainda pior. Quando cheguei no Brasil, foi muito complicado. A vida não foi fácil. Busquei aprender no YouTube, com vídeos, e com colegas de trabalho — conta o haitiano, dono de uma loja de extintores.
Joseph já cursou Engenharia Civil e acabou trancando o curso por questões econômicas. O objetivo dele, com as aulas de português, é conseguir a naturalização para ganhar mais oportunidades de estudo e emprego. Para isso, precisa saber se comunicar, ler e escrever em português.
— Para nós, o curso é ótimo, porque eu quero falar muito bem e preciso deste certificado, para fazer a naturalização e conseguir mais estudo e oportunidades. Com mais estudo, mais oportunidade, vem mais dinheiro — relata, aos risos.
Leitura e escrita como desafios
Ministrado pelo Programa de Pós-graduação em Letras (PPGL) da UPF, com apoio da UPF Mundi e do projeto de extensão Balcão Migra & Cátedra Sérgio Vieira de Mello, o curso trata a língua como acolhimento.
O objetivo é capacitar o grupo para interagir em diferentes situações do dia a dia, possibilitando que estejam melhor preparados para a busca de empregos e convívio social. No total, são 30 horas de aulas, que se encerram em novembro.
No final, os alunos passam por um exame de comprovação para conseguir a certificação da língua portuguesa. Os trabalhos são coordenados pela professora do Programa de Pós-Graduação em Letras, Luciane Sturm, com auxílio de duas acadêmicas do curso de Letras.
De acordo com Luciane, os imigrantes e refugiados querem aprender português para conseguir se integrar melhor na sociedade e buscar melhores oportunidades.
— Eles querem muito ler e também escrever. Tem muitos que já sabem falar português, outros que ainda não sabem, que estão em níveis diferentes. Muitos deles possuem o interesse de obter a naturalização. Então, o curso serve para promover maior integração deles na sociedade e contribuir com melhores oportunidades para que, no final, eles possam fazer essa prova — destaca.
Experiência especial
Acadêmica no sexto nível de Letras, Patricia Braciak auxilia nas aulas de língua portuguesa. Ela explica que o objetivo é ensinar a língua para utilização no dia a dia, estudos e no trabalho, sem necessidade de aprofundar a gramática e a formalidade do português.
— É algo que vai ajudar eles na sequência de suas vidas aqui no Brasil — afirma.
Para a estudante, conhecer novas culturas e histórias tem sido uma experiência especial.
— É uma grande oportunidade. Precisamos ter esse contato em sala de aula no curso. Só que aqui é diferente, porque é muito especial conhecê-los, saber como era a vida deles no país em que estavam e porque estão aqui hoje — explica.
Contato
Com base na procura de imigrantes, a UPF avalia a possibilidade de abrir uma nova turma neste segundo semestre.
Os interessados podem fazer contato pela UPF Mundi, no telefone (54) 3316-8510, ou pelo Balcão do Migrante e Refugiado, no telefone (54) 99191-7776 ou e-mail balcaomigra@upf.br.
Para participar, os estudantes contribuem com um valor simbólico de R$ 40.