Passo Fundo, no norte gaúcho, tem 5.828 locais com placas solares instaladas. A instalação da maioria delas (36%) foi em 2022, impulsionadas pela Lei da Energia Solar, que criou novas regras de taxação pra produção de energia elétrica.
Com dois anos com baixa nos números, a desaceleração pode ter a ver com o custo e o desconhecimento da população.
Os 5,8 mil pontos de Passo Fundo geram 53,7 mil kW de energia, que têm capacidade para abastecer mais de 7,8 mil unidades residenciais, conforme dados da Agência Nacional de Energia Eletrica (Aneel).
Apesar da quantidade, o potencial da cidade conforme sua localização e exposição aos raios solares poderia ser ainda maior, como aponta o doutor em Meio Ambiente e Energia e professor da UPF, Marcos Frandoloso:
— Temos um potencial de radiação ótimo, acima de países da Europa, mas há limitação de conhecimento e do potencial econômico. É uma discussão que ainda estamos a passos lentos, mas que o convencimento será feito na marra por conta das mudanças climáticas. Vamos precisar fazer essa transição energética e mudar nosso consumo, é um caminho que não tem mais volta.
Benefícios e obstáculos
O perfil de quem possui o ponto de geração desse tipo de energia na cidade é equilibrado entre residências, empresas e indústrias. Entre os motivos, destaca-se entre os empresários a preocupação com a causa sustentável, como avalia a engenheira eletricista e coordenadora comercial da Automasul, Amanda Dornelles:
— A colocação em empresas tem se tornado mais comum pela preocupação com questões de sustentabilidade. Aderir à fonte de energia limpa é relevante para nesse contexto, de estar posicionado de forma sustentável.
Já a população que adere ao produto está atrás da redução do valor da conta de consumo, mas ainda faltam informações sobre quando o investimento nas placas solares trará este retorno.
— Projetamos no futuro uma busca crescente, mas a principal barreira é o receio. As pessoas não conhecem bem como funciona a tecnologia. Depois que aderem, aproveitam mais. Os benefícios principais são a tranquilidade de ligar o ar condicionado e a comodidade ao consumir energia dentro de casa — comenta Amanda.
Investimentos partem de R$ 10 mil
GZH simulou dois tipos de instalações em Passo Fundo para mapear o custo do investimento. Por serem simulações sem descrição exata da exposição solar daquele endereço, os dados de geração e o valor podem variar pois dependem da particularidade de cada local. Veja:
- No exemplo de aplicação em uma pequena residência, incluindo seis módulos fotovoltaicos, o investimento seria de R$ 10,9 mil. Neste caso, a geração média mensal seria de 371kWh ao mês, que representam uma economia mensal média de R$ 263.
- Já na aplicação em uma empresa ou pequena indústria, seriam utilizados 50 módulos fotovoltaicos, com investimento necessário de R$ 50 mil. Os equipamentos são capazes de gerar uma média mensal de 2.970 kWh, que revertem em economia mensal média R$ 2.080.
Dados estaduais e nacionais
Ainda que o pico em Passo Fundo tenha sido atingido em 2022, o número de instalações segue estável no país. Apenas no primeiro semestre deste ano, foram 400 mil novas instalações de energia solar em residências em todo o Brasil.
Os balanços da Agência Nacional de Energia Elétrica e da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) apontam que os novos telhados representam cerca de 2 gigawatts (GW) de potência instalada nas residências, saltando de 9,7 GW acumulados no final de 2023 para 11,7 GW na metade de 2024.
Entre os estados que mais contribuíram para os números, o Rio Grande do Sul está em terceiro lugar com maior potência instalada em residências. O estado possui mais de 312 mil conexões operacionais, espalhadas em todos os 497 municípios gaúchos.