Após a estrutura da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa) de Passo Fundo ser implodida parcialmente no último domingo (11), equipes deram início à etapa de fragmentação mecanizada, que separa o concreto e as ferragens da estrutura. O ferro retirado será reciclado, já o concreto deve ser aplicado na construção do novo empreendimento no mesmo terreno.
A utilização desses material será direcionada para dois caminhos principais: o aterro local e a reciclagem. O concreto fragmentado será usado para preencher subsolos e realizar pavimentações, enquanto o ferro será encaminhado para a siderurgia.
Atualmente, máquinas com rompedor hidráulico na extremidade — equipamentos que lembram "furadeiras gigantes" — trabalham no local para concluir a demolição da estrutura na área de 29.515m², que deve receber um centro comercial.
O processo de fragmentação mecanizada tem o objetivo de deixar o material em condição favorável para a separação do concreto e das ferragens. Os cem quilos de explosivos utilizados na operação derrubaram a torre do meio do prédio, enquanto os silos nas laterais seguem em pé.
— O resultado da implosão passa agora pelo ataque de uma máquina com rompedor hidráulico na extremidade. Junto com esse equipamento, temos um pulverizador e esses dois equipamentos são associados a uma cavadeira hidráulica com concha, formando o conjunto ideal para se fazer a operação — revela o engenheiro de minas Manoel Jorge Diniz Dias, responsável pela implosão da Cesa.
Essa técnica visa transformar o concreto em partes menores e separá-lo da ferragem.
Benefícios econômicos e ambientais
Conforme o engenheiro, a abordagem não só reduz os custos associados ao transporte e descarte de resíduos, como também apresenta vantagens em termos de sustentabilidade.
— Essa solução, além de sustentável, é a mais barata que encontramos — destaca.
De acordo com Dias, ao utilizar o material no próprio terreno, não existe custo de transporte para outros locais, seja aterro sanitário ou centro de reciclagem, reduzindo ainda o impacto ambiental associado à movimentação.
O professor do curso de Engenharia Civil da Universidade de Passo Fundo (UPF), Eduardo Madeira Brum, destaca também a reutilização e classificação dos resíduos:
— Quando a gente tem esses resíduos oriundos de construção, nesse caso específico mais de demolição, temos muito a questão do concreto já segregado, virando brita, areia e parte de cimento solidificado. Esses materiais compõe os resíduos de construção civil e podem ser perfeitamente reutilizados.
Segundo Brum, a Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) classifica os resíduos de construção civil em duas classes principais: Classe A, para o concreto, e Classe B, para metais como o aço. O uso de resíduos de Classe A é particularmente útil na pavimentação e na construção de sub-bases, o que pode reduzir significativamente os custos de novos projetos e minimizar o impacto ambiental.
Impacto na comunidade
De acordo com o professor, o reaproveitamento dos resíduos da Cesa ainda traz benefícios sociais, como a redução de despejos ilegais e a diminuição do dióxido de carbono. Esse tipo de reciclagem abrange três pilares, com vantagens ambientais, econômicas e sociais.
— Como vantagens ambientais, podemos elencar a redução do número de despejos ilegais. Na vantagem econômica, reduz o custo para eliminar esse resíduo. Por fim, na parte social, destaco os danos que esse tipo de material pode causar se descartado irregularmente em leitos de rios, por exemplo. Isso pode fazer com que alagamentos aconteçam mais fácil. Com a reutilização do concreto de uma construção civil, isso é evitado — finaliza o professor.