Calculadas pelo Sindicato do Ensino Privado do Estado (Sinepe/RS), as mensalidades das escolas particulares deverão ter um reajuste de 8,6% em 2024. Mesmo com aumento, a média de alunos deve subir, passando de 834 estudantes por instituição, em 2023, para 857 no ano que vem. O cenário deve se repetir em Passo Fundo, demandando maior investimento e organização dos pais e responsáveis.
O aumento considera, entre outros, o reajuste salarial de professores e funcionários. No orçamento familiar, o gasto com a educação precisará ser recalculado e reorganizado, como explica o economista Clóvis Tadeu Alves, professor do curso de Ciências Econômicas da Universidade de Passo Fundo (UPF):
— A educação privada é uma escolha de quem, sabendo que a qualidade pode concorrer com um bem que é gratuito, opta pela instituição na garantia de uma melhor perspectiva de vida de seu filho. É um investimento que os pais fazem, na intenção de colher os frutos no futuro, e que demanda uma remuneração extra. Por isso, orientamos medidas a médio e curto prazo.
Na organização financeira das famílias, o economista sugere, como medida a curto prazo, a diminuição de gastos em áreas consideradas supérfluas pela família. A longo prazo, estariam formas de aumentar a renda, que podem incluir trabalhos extras ou aumento do custo do trabalho oferecido.
— A curto prazo, podemos cortar gastos, diminuindo saídas a lazer ou gastos que sejam considerados desnecessários. A longo prazo, indicamos um planejamento melhor da renda. Neste caso, os familiares podem se especializar em suas áreas ou em algo que ofereça maior retorno financeiro, aumentando as fontes de renda ao longo do ano — detalha o especialista.
Para quem sente no bolso, a alta nos valores demandará reorganização. É o caso contadora Noemi Cunha Dal Paz, que garante o estudo de uma filha no segundo ano do Ensino Médio do Colégio Marista Conceição, em Passo Fundo. Ela afirma que deve cortar gastos para dar conta dos pagamentos.
— Teremos que nos ajustar para honrar com as mensalidades, cortando alguns consumos como lazer e transportes, o que impacta diretamente no nosso consumo. O reajuste deveria ser um tema de debate contínuo entre famílias e meio escolar privado, para chegar em um denominador que agradasse a ambos. Infelizmente isso não acontece — destaca.
Alta no preço
O reajuste é calculado anualmente e acompanha a alta do custo das escolas. Entre os maiores repasses, estão incluídos os salários e gastos com contas básicas e material didático. Conforme o presidente do Sinepe gaúcho, Oswaldo Dalpiaz, o percentual leva em consideração o que as famílias poderão gastar:
— Quando as escolas vão fixar o valor da mensalidade, trabalham com a planilha de custos e olham para o entorno, a comunidade onde estão inseridas.
Dentro do ambiente econômico, o aumento é considerado normal e auxilia na manutenção da qualidade do ensino.
— O reajuste tem que haver, pois os professores e funcionários da instituição de ensino têm que reajustar os salários e isso precisa sair de algum local. Então, é transferido para as mensalidades. Se congelássemos esses investimentos, a qualidade do ensino decairia e os próprios funcionários optariam por outros locais de emprego — aponta o economista Clóvis Tadeu Alves.