O início de julho celebra uma data especial para o desenvolvimento econômico e social do Rio Grande do Sul. Neste sábado (1º), é comemorado do Dia Internacional do Cooperativismo, modelo que possibilita conexão e união entre empresas e associados em busca de um objetivo comum, sobretudo no agronegócio.
De acordo com o Sistema Ocergs, são 32 cooperativas na região norte do Estado, subdivididas entre regiões da Produção e do Alto Jacuí. No total, as duas regiões cresceram 27,2% e faturaram mais de R$ 15,8 bilhões em 2022. Juntas, elas representam 19% de todo faturamento estadual das associadas.
As cooperativas reúnem quase 420 mil associados no norte gaúcho, além de gerar 7,5 mil empregos diretos e 877 novos empregos com carteira assinada, segundo o Ocergs.
No norte gaúcho, as cooperativas se dividem nos ramos do crédito (oito cooperativas), transporte (oito), saúde (sete), agropecuário (cinco), infraestrutura (duas) e trabalho, produção de bens e serviços (duas).
No Alto Jacuí, os ramos crédito e agropecuário potencializaram o crescimento de 25,2% da região em 2022, com faturamento de R$ 14,4 bilhões. Na Produção, o crédito impulsionou o desempenho, com faturamento total da região em R$ 1,39 bilhão, num crescimento superior a 52%.
Em todo o Estado, as cooperativas registraram faturamento recorde, com R$ 81,9 bilhões no último ano, com crescimento de 15% em relação ao ano anterior, segundo o Sistema Ocergs. O crescimento foi impulsionado pelo agronegócio, que registrou um faturamento de R$ 52 bilhões por meio das cooperativas. No total, o setor representa 63,5% do total dos sete ramos de cooperativismo no Estado: agropecuário, crédito, saúde, infraestrutura, transporte, trabalho, produção de bens e serviços, e consumo.
O cooperativismo permeia sob sete princípios: adesão livre e voluntária; gestão democrática; participação econômica; autonomia e independência; educação, formação e informação; intercooperação; e interesse pela comunidade.
"É a união de todos", diz produtor rural
Em Condor e Palmeira das Missões, no noroeste gaúcho, o produtor rural e engenheiro agrônomo Gilberto Antonio Maldaner produz grãos e sementes nas safras de verão e inverno. Ele participa do modelo de cooperativismo desde 1991, quando iniciou a parceria com a Cotrijal, de Não-Me-Toque.
Mais do que assistência técnica e o cuidado com o meio ambiente, Maldaner afirma que a relação de mais de 30 anos com a empresa gera segurança e confiança, com a criação de vínculos pessoais e profissionais.
— A cooperativa é a união de todos para sermos fortes, para agregar valor ao associado. Ela te dá a segurança para trabalhar com a ajuda de vários setores. Conseguimos negociações melhores com multinacionais, preços mais justos com produtos químicos. É uma relação de confiança. Nós criamos um vínculo muito grande com a cooperativa, com os associados — afirma o produtor.
A representatividade das cooperativas
O presidente da Cotrijal, Nei César Manica, relata que o cooperativismo é a maior organização mundial de soluções para a agricultura. Para o presidente, o sucesso do modelo se deve a diferentes fatores que impactam sobre o resultado econômico e social para o associado e para a empresa.
— Além da parte econômica, tem a parte social, ambiental, sustentável. A cooperativa atende o pequeno, o médio e o grande produtor, participa de ações sociais, se preocupa com agricultura sustentável e o meio ambiente, além do aumento da produtividade, das reivindicações dos associados. Isso tudo torna o cooperativismo muito forte e representativo — pontua.
Presente em 53 municípios do Rio Grande do Sul, a cooperativa possui cerca de 16 mil associados, com 79 unidades de recebimento e mais de 1,2 milhão de tonelada em capacidade de armazenamento. Em 2022, a Cotrijal incorporou a cooperativa Coagrisol e acolheu mais de oito mil associados. A partir disso, passou a oferecer produtos e serviços que revertam em sustentabilidade econômica e social.
A representatividade política também é um dos pontos considerados na relação entre associado e cooperativa, segundo Manica. Um dos exemplos citados pelo presidente é a luta do produtor pela produtividade em meio à seca que assolou o Rio Grande do Sul nos últimos dois anos.
— Com a frustração dos últimos anos no Rio Grande do Sul, podemos ir a Brasília, nos reunir com ministros, reivindicar recursos para cooperativas para o futuro do Estado, para poder equacionar e dar um alongamento das dívidas. Também conseguimos lutar pelo desenvolvimento da propriedade, da manutenção do homem no campo. O cooperativismo possui essa força grande, de poder representar em todos os momentos. Existe um poder de mobilização, de aglutinação e reivindicação, para tornar o cooperativismo muito representativo — afirma Manica.
Soluções para necessidades financeiras
As cooperativas de crédito também são um importante instrumento na potencialização e no avanço econômico da região. Neste caso, empresários, profissionais liberais, agricultores, entre outros, podem participar do modelo de união que visa a solução de necessidades financeiras.
É o caso do Sicredi, instituição financeira que possui mais de 6,5 milhões de associados em nível nacional. Em Passo Fundo, o Sicredi Integração de Estados RS/SC/MG possui mais de 60 mil associados.
Além das soluções financeiras pensadas nas necessidades individuais, o associado produz, gera riqueza para a região em que vive, participa de assembleias e também contribui com o rumo da instituição.
De acordo com o gerente de desenvolvimento do cooperativismo do Sicredi, Paulo Brum, o cooperativismo de crédito gera um emprego a cada R$ 35,7 mil de empréstimo gerado, conforme pesquisa Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE). Além disso, a cada R$ 1 emprestado, é gerado R$ 2,45 de valor adicionado na economia.
— Isso tudo faz a região norte do Rio Grande do Sul e o Brasil todo acreditar cada vez mais no cooperativismo de crédito. Os nossos créditos são responsáveis em auxiliar o desenvolvimento regional. É transparente que o cooperativismo de crédito está em pleno crescimento na região, impactando grandemente no âmbito social e econômico, com nossas ações sociais, esportivas e tantas outras que impactam a sociedade — enfatiza.
Responsabilidade social das cooperativas
Criada para suprir as dificuldades de beneficiamento, transporte e comercialização das safras de trigo, a Cotrisal está presente em 40 municípios gaúchos, com cerca de 11 mil associados, além de possuir 62 pontos de recebimento de grãos.
A cooperativa de trigo dispõe de assistência técnica, agronômica e veterinária para orientar e aplicar tecnologias que incrementem a produtividade, a renda e a qualidade de vida dos associados.
O presidente da Cotrisal, Walter Vontobel, pontua que o cooperativismo representa a responsabilidade social nas comunidades em que se insere.
— A Cotrisal trabalha pelo desenvolvimento sustentável, através de políticas aprovadas pelos seus membros, assumindo um papel de responsabilidade social junto às comunidades onde estão inseridas — aponta.
O cooperativismo também é visto além do desenvolvimento econômico, como um ideal solidário, na visão de Vontobel. É o caso da ação do Dia C de Cooperativismo da empresa, que promove uma campanha de doação de sangue entre funcionários, familiares e associados de seis cidades. Eles virão até Passo Fundo, no Hemocentro Regional (Hemopasso), para doar sangue nesta sexta-feira (30).
— Doar é um gesto nobre e fundamental. Acreditamos que as cooperativas podem não apenas motivar os seus associados, funcionários e familiares, mas também conscientizar toda a população sobre a doação de sangue — ressalta o presidente.
No sábado, a Cotrisal deve realizar atividades em cerca de 30 filiais, com doação de alimentos e entrega de mudas de árvores para a comunidade. As ações acontecem em conjunto com outras cooperativas.
Energia e internet avançam no meio rural
Gerar energia limpa, sustentável e renovável é um dos pilares da Coprel, que possui 105 mil famílias ligadas às redes de energia e internet em 72 municípios. Em 2022, a cooperativa apresentou um crescimento de receita de 15,5%, com acréscimo de consumo de internet em 10% e aumento de clientes de internet em mais de 30%. Atualmente, 57 mil associados somam-se à empresa.
Com objetivo de tornar o mundo mais conectado e consciente, baseado nos pilares do cooperativismo, a Coprel busca oferecer renda e qualidade de vida aos associados, além de reduzir a distância entre a cidade e o campo, segundo o presidente Jânio Vital Stefanello.
— Nós estamos ao lado do produtor para aumentar sua renda e sua escala. Se ele tem um aviário pequeno e ele precisa de energia para potencializar, nós vamos ajudá-lo a ter uma rede mais robusta. Se os municípios não possuem acesso à energia elétrica ou internet no interior, nós vamos até lá, onde as concessionárias não queriam ir. É só olhar para a missão da Coprel, de oferecer renda e vida melhor por meio da conectividade — declara.
Dentro do cooperativismo, Jânio relata que o ramo da infraestrutura é responsável por colaborar com a sucessão rural e a permanência do jovem no campo, além de criar soluções em outros serviços.
— O nosso ramo visa levar energia e internet para as comunidades. Há mais de dez anos, nós universalizamos a energia, gerando resultados e colaborando com os associados, criando programas de desenvolvimento para que as propriedades sejam mais fortes. Hoje, vemos muitos relatos de mães que falavam que os filhos não visitavam mais no interior e que isso mudou com a energia e a internet colocada lá. Tudo é possível realizar com energia e internet no interior — completa Jânio.
Ações para a data
O dia de cooperar é uma iniciativa promovida anualmente pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) estimula o segmento a realizar ações de responsabilidade social, colocando em prática os valores e princípios do cooperativismo em relação ao tema proposto.
Confira algumas das ações para este ano:
O Sicredi irá celebrar a data com o Dia C de cooperação, que acontece no Parque da Gare, em Passo Fundo, neste sábado (1º), das 13h30min às 17h. O movimento envolve colaboradores da Cooperativa de Crédito Sicredi, e voluntários se mobilizarão em prol das comunidades através de ações sociais. Associados e comunidade também se envolvem nas atividades solidárias.
Nesta sexta-feira, ocorre a campanha de doação de sangue de funcionários, familiares e associados da Cotrisal, de seis cidades, com a viagem a Passo Fundo para coleta de sangue no Hemopasso. No sábado, a Cotrisal deve realizar atividades em cerca de 30 filiais, com doação de alimentos e entrega de mudas de árvores para a comunidade.
A Coprel realiza ações nas cooperativas de Cruz Alta, Ibirubá, Espumoso e Água Santa. No sábado, a Coprel estará mostrando serviços e produtos, realizando doação de sangue, arrecadando roupas, agasalhos, brinquedos e alimentos. Além disso, a cooperativa estará distribuindo brindes e tirando dúvidas sobre cooperativismo.
A Cotrijal organizou atividades com o objetivo de promover a sustentabilidade nos municípios da sua área de atuação. Ao todo, são três ações — uma realizada internamente e duas com a participação do público geral. São elas: passeio verde, logística reversa e andar pela sustentabilidade. As atividades iniciaram nesta semana e seguem até sábado.
GZH Passo Fundo
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