Nem mesmo a chuva e a temperatura amena impediram os foliões de aproveitar o Carnaval de Rua Passo Fundo. A festa estava prevista para começar às 20h30min, mas por conta da instabilidade, as escolas só tomaram o sambódromo da Avenida Sete de Setembro por volta das 23h.
Neste ano, somente duas agremiações participaram da celebração: a Escola de Samba União da Vila e a Escola de Samba Acadêmicos do Chalaça. Na programação original do evento, três blocos abririam as festividades no sambódromo, mas por conta do atraso em função da chuva, essas equipes não desfilaram.
Embora a precipitação tenha reduzido o número de pessoas presentes nas arquibancadas, teve quem pegou o guarda-chuva ou a capa e foi assistir. A analista de sistemas Maria Carmelinda Castanha foi uma delas.
— A chuva não atrapalha, não estraga a animação — disse.
O pequeno Gabriel Dias Pires, 11 anos, também contou à GZH Passo Fundo que não se intimidou pela chuva forte:
— Açúcar derrete na chuva e nós não somos feitos de açúcar para derreter na chuva. Não vai me impedir de vir aqui no Carnaval.
A auxiliar de limpeza Marivone Bruni estava com dois filhos e o marido na arquibancada. Além de ser carnavalesca e torcer pela União da Vila, nesse ano ela foi ver os filhos mais velhos desfilando. Estar do lado do público foi novidade para ela.
— Torço pra União da Vila sempre. Esse ano a gente não vai desfilar, mas todos os anos é a União da Vila. O coração bate com a União da Vila, e o ano que vem a gente vai vir com tudo, mais ainda, com chuva ou sem chuva — prevê.
Neste ano, o Carnaval de Rua não tinha competição, apenas desfile. Ainda sim, era obrigatório cumprir requisitos que foram avaliados pela Liga Independente das Escolas de Samba e Secretaria Municipal de Cultura de Passo Fundo. Somente com o aval destes avaliadores que as duas escolas puderam entrar na avenida.
Com todas as condições atendidas e a chuva dando uma trégua, as escolas puderam entrar na Avenida Sete de Setembro. A primeira foi a União da Vila que levou o samba-enredo O Circo da União da Vila, no Picadeiro da Vida. A apresentação teve malabarismo, ginastas, palhaços, referências a mágicos e outros elementos circenses.
— A gente sonhou com cada coisinha, elaborou cada coisinha daqui, foi tudo feito com muita alegria, sabe? Pra mostrar bonito na avenida e a gente conseguiu, a gente passou até dos limites, tudo muito maravilhoso, tudo perfeito — disse Bianca Tamires Correia, rainha da escola.
Após a apresentação, o público pôde curtir o show da banda Saldanha. Na sequência, por volta da meia-noite, a Acadêmicos da Chalaça tomou o sambódromo com a grande equipe e carros alegóricos. O samba-enredo deste ano foi Santa Sara: Rogai por Nós! Salve o povo cigano!.
O publico presente nas arquibancadas viu elementos da cultura e do povo cigano como trajes e, também, homenagens à Santa Sara. Para dar vida ao espetáculo, artistas de outras regiões do estado estiveram presentes. A primeira passista Julia Henrique, de Porto Alegre, viajou quatro horas para sambar na avenida:
— A gente está muito feliz, viemos direto de Porto Alegre, quatro horas e meia de viagem. Foi difícil, foi puxado, mas a gente conseguiu. Estamos muito felizes com o resultado. A chuva não atrapalhou, a chuva só ajuda, revigora.
O presidente da escola e também da Liga Independente das Escolas de Samba, Felipe Machado, ficou feliz em ver o espetáculo.
— A escola veio muito bonita, muitos componentes, quase 300 componentes na Avenida, então pra nós é uma alegria, e com chuva ou sem chuva, o pessoal veio — destacou.
Para realização do evento a Avenida Sete de Setembro, em frente à Gare, permaneceu totalmente fechada para o trânsito de veículos.