Aos 21 anos, Rafael Casarin acumula mais de 30 mil seguidores nas redes sociais ao compartilhar dicas de viagem e sua rotina sendo uma pessoa com deficiência (PCD). Natural de Ijuí e morador de Boa Vista do Cadeado, no noroeste gaúcho, ele passou a produzir conteúdo digital em 2020 com o lema “eu e minha perna pelo mundo”. Mas, para garantir essa independência, o jovem precisou passar por cirurgias e teve a perna amputada durante a adolescência.
Rafael nasceu com má formação congênita dos membros superiores e inferior esquerdo. Da infância até os 13 anos, passou por inúmeras cirurgias e tratamentos médicos até que a amputação da perna esquerda foi a melhor solução encontrada para facilitar seus movimentos. Assim, passou a usar uma perna mecânica, que o acompanha até a fase adulta.
— Quando eu era bem pequenininho, um médico da região chegou a falar que eu nunca andaria. E todo esse período foi de crescimento foi bem difícil. É algo físico, mas que afeta o emocional também. Mas o apoio da família sempre foi fundamental, a gente superou tudo junto — relembra Casarin.
Com uso de uma prótese na perna esquerda, ele ganhou mais mobilidade e completa independência. Hoje, Rafael faz tudo sozinho, inclusive escreve e dirige, com auxílio de uma adaptação no carro.
"Vai Rafa, você consegue"
A história de vida rendeu um capítulo no livro Fui lá e Venci: histórias reais de superação (Chave Mestra), lançado em 24 de fevereiro, em São Paulo (SP). Junto de outros 20 colaboradores, Rafael escreveu o capítulo “Vai Rafa, Você Consegue”, onde conta a sua história, desde o nascimento até hoje, mesclando com as viagens que realizou.
— Eles me acharam através da hashtag superação, nas redes sociais. Eu aceitei a ideia porque me identifiquei com a narrativa, de fato, eu “fui lá e venci”, e contei o que já superei. Foi uma experiência bem legal — comenta.
O incentivo de "ir e conseguir" ganha um toque a mais quando Rafael relembra sua história com o turismo. O gosto pelos passeios, segundo ele, veio das necessárias viagens a tratamento que ele e a família precisaram fazer durante seu crescimento.
Quatro anos depois do início da criação de conteúdo, a prática passou a ser trabalho de Rafael, que faz parcerias com hotéis e pontos turísticos para terem seu feedback publicado. Na jornada, o jovem se tornou também um porta-voz das pessoas com deficiência que querem conhecer o mundo: entre os itens de observação nos pontos turísticos, a acessibilidade está sempre presente.
— Meu foco é a gastronomia e as hospedagens. Em pontos turísticos eu também falo sobre acessibilidade, de como foi a minha experiência no local, e se não foi acessível, eu ressalto — brinca.
Entre os últimos destinos publicados, se destacam pontos turísticos brasileiros nos estados de Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Bahia e Goiás e até internacionais, para Argentina, Uruguai e Emirados Árabes Unidos. Para este ano, já tem viagem marcada: para o deserto do Atacama, no Chile, em agosto.
— Acho que ainda sou muito novo para decidir o que quero para o meu futuro, mas eu tenho uma vontade de seguir só com o Instagram. Eu gosto de influenciar pessoas a realizar os sonhos delas, é algo que me motiva — finaliza.