Adolfo de Freitas não é visto com frequência sob os holofotes. Em seus 12 anos à frente da Procuradoria-Geral do Município, se manifestou quando necessário e raramente diante de grandes públicos.
Nos bastidores, porém, é o braço direito e atua no primeiro escalão desde 1º de janeiro de 2013, quando assumiu a PGM no mandato do ex-prefeito Luciano Azevedo (PSD). Ele seguiu com o sucessor, Pedro Almeida (PSD), a partir de 2020.
No próximo ano, vai mudar de sala: Freitas passará a ocupar a Secretaria de Desenvolvimento Econômico. O atual gestor, Diorges de Oliveira, irá para o Meio Ambiente — destino com o qual o atual procurador pretende trabalhar lado a lado, afinal "não pode pensar em desenvolvimento sem sustentabilidade", disse ele em conversa na última quinta-feira (14).
Advogado há 30 anos, Freitas entende a saída da PGM como uma oportunidade para a renovação da carreira e do lugar de procurador, que passa a ser ocupado por Giovani Corralo em 2025 — oxigenação necessária em prefeitura que abre uma média de 45 mil novos processos administrativos por ano.
Nas últimas semanas antes de mudar de posição, Freitas classifica a Secretaria de Desenvolvimento Econômico como o "motor" para o funcionamento público.
— Nós vivemos de tributos. O dinheiro vem e devolvemos em serviço, escola, troca de lâmpada. Mas de onde vem o dinheiro? É do conjunto de coisas geradas pela nossa economia local — disse.
— Se o retorno do ICMS está bom é porque tem desenvolvimento. O nosso ISS (imposto sobre serviços) nos rende mais que o IPTU e são raras as cidades onde isso acontece. As empresas vêm para Passo Fundo porque é um polo regional de desenvolvimento.
"Não podemos ser ilhas"
Em comunicado da última semana, a prefeitura noticiou que Freitas deve ter cinco eixos fundamentais na secretaria. São eles:
- atração de novas empresas
- incentivo ao empreendedorismo
- qualificação profissional
- fortalecimento dos serviços ao contribuinte
- exploração do potencial turístico da cidade.
Em nossa conversa, ele citou que pretende fomentar a relação da secretaria com as instituições da cidade. Como exemplo, citou a Universidade de Passo Fundo (UPF), Atitus Educação e Aliança Empresarial.
— Não podemos ser ilhas. Tenho uma ideia de fazer encontros com entidades de classe, instituições, grandes e pequenos empresários — afirmou.
Turismo e área da Manitowoc
Outro objetivo é dar enfoque maior para o turismo. Nos planos está uma reforma para criar cargos a fim de trazer pessoas do mercado para trabalhar na área. A ideia é ter um fundo e ao menos uma pessoa para fomentar a indústria do turismo de Passo Fundo.
— Uma possibilidade é o (distrito) São Roque, onde vamos asfaltar. Lá tem dezenas de produtores rurais; por que não fazer a Rota do São Roque? O próprio Aeroclube é turismo. Temos o turismo da saúde, com dezenas de casas de acolhimento para pessoas que vêm de fora para passar por tratamento. Nossos shoppings recebem 35 mil pessoas por mês e o aeroporto é um dos maiores do Estado — listou Freitas.
Um plano já para 2025 é a licitação da área onde ficava a empresa Manitowoc e hoje serve como Centro de Distribuição da Defesa Civil, na RS-324, no bairro Valinhos. O Estado, segundo ele, pretende entregar a área em março.
— Precisamos daquela área e temos que dar o retorno para o fim a que foi destinada. Já verificamos o espaço e temos todas as informações, mas ela precisa voltar na matrícula com o nome da prefeitura. Caso contrário não teremos segurança jurídica — disse.
Com a cidade em crescimento (Passo Fundo subiu posições e se consolidou como 6º PIB do RS em 2023), Freitas agradeceu a confiança para o novo cargo, destacou a boa relação com a gestão municipal e sublinhou o objetivo para os próximos anos:
— É fácil tocar um barco que está descendo (o rio), né? Quero ver tocar um barco que está subindo. É para isso que vamos trabalhar, para continuar avançando.
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