O prédio construído na década de 1960 para sediar o frigorífico da família Lago & Iaione, em Passo Fundo, está sendo reformado para dar lugar a um complexo artístico e cultural.
A iniciativa, que recebeu o nome de FriGô, vem de um grupo de empresários da cidade e pretende transformar o local em um complexo multifuncional para a área artística.
A nova estrutura deve abrir as portas em 2025. No momento equipes trabalham no local para corrigir danos no telhado e infiltrações no prédio de 10 mil metros quadrados que estava abandonado na Vila Ricci.
O projeto para utilização da área que deveria ter se tornado o frigorífico (entenda abaixo) é idealizado pelos empresários Lucas Grazziotin, Kiko Turmina e Márcio Daniel.
— Nosso objetivo é ressignificar o espaço, gerar novas oportunidades e, principalmente, criar um senso de pertencimento, onde as pessoas possam se reunir, criar e compartilhar experiências — disse Grazziotin.
Estrutura tem relação com o desenvolvimento da cidade
Originalmente, o prédio foi construído para ser um frigorífico — setor econômico que movimentou Passo Fundo no século 20. Alguns ganharam destaque, como os empreendimentos das famílias Maraschim, Secchi e Scorteganha.
Nesses casos, as empresas aproveitavam a matéria-prima que vinha das propriedades rurais de suínos, especialmente — o que se repetiu em outras cidades da região, como Carazinho, Marau e Erechim.
O caso do frigorífico Lago & Iaione, por sua vez, é único, como destacou o pesquisador e professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), João Carlos Tedesco, a convite da coluna.
A sociedade já tinha o caminho pavimentado em Passo Fundo no atacado, varejo de cereais, produtos em geral e o moinho — onde hoje é o Hub Aliança —, e viu no frigorífico uma forma de ampliar os negócios.
O empreendimento tinha tudo para ser um dos maiores do norte gaúcho, com estrutura para armazenar tanto suínos quanto gado.
— Mas a infraestrutura foi toda construída com recursos próprios. Havia necessidade de financiamento para montar a estrutura industrial do interior e para outros processos exigidos pela legislação — disse Tedesco.
Como já havia outros frigoríficos na cidade, as agências de fomento da época não atenderam à demanda de crédito e a estrutura já construída não entrou em funcionamento.
Mais tarde, o espaço sediou a gráfica do jornal do Diário da Manhã, mas a maior parte permaneceu inexplorada desde a construção.
Com o avanço da cultura de soja na região, a maioria dos frigoríficos que surgiram a partir da década de 1940 não "sobreviveram" por mais de 50 anos.
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