Por Bruno Menegussi, Engenheiro Agrônomo da Emater/RS-Ascar
Uma região de matas fechadas, antes da chegada dos colonizadores, escondia sob a copada de vultuosos pinhais um verde manto de espessos galhos e folhas verdejantes, que seria parte da sobrevivência e o primeiro produto de valor econômico dos pioneiros na segunda década do século XX: a erva-mate.
Até a primeira metade daquele século, a região de Machadinho, localizada no norte do Rio Grande do Sul, teve sua colonização consolidada na extração, fabricação e comércio de erva-mate, além da exploração da araucária. A erva-mate foi a base da economia regional, pois era comercializada em outras regiões gaúchas e também no estado de Santa Catarina, precisando, para isso, cruzar as barrancas do rio Uruguai e chegar à estação de trem em Piratuba. Era um produto bastante conhecido e tinha fama popular.
A história do lugar revela que, a partir da segunda metade do século, houve uma retração forçada pela fiscalização e pelo fechamento de várias indústrias ervateiras, uma vez que o mercado de erva-mate, de maneira geral, perdeu força de venda e precisou reduzir a produção para diminuir a concorrência, beneficiando apenas as fábricas mais influentes. Nesse período, os cultivos agrícolas — trigo, mandioca, milho, soja — e a criação de bovinos ganharam expressão.
Uma iniciativa na década de 1990 trouxe de volta, com muita força, o protagonismo da erva-mate na região de Machadinho. A criação da Associação dos Produtores de Erva-Mate de Machadinho (APROMATE), em 1994, permitiu reunir, de forma associativa, os produtores de erva-mate da região. Com a parceria da Cooperativa Agrícola Mista Ourense Ltda (CAMOL), foi instalada a indústria ervateira Cambona. Para somar ao projeto, a participação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), em 1996, mudou a dinâmica da pesquisa sobre erva-mate, somando-se ao esforço da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) de Erechim e da Universidade de Passo Fundo (UPF). A Extensão Rural, através da Emater/RS-Ascar, impulsionou o atendimento aos produtores, viabilizando tecnologicamente e economicamente os ervais.
O desenvolvimento da cultivar Cambona 4 revolucionou o conceito genético da erva-mate, gerando um material de alta produtividade, com sabor suave e alta herdabilidade, reforçando o protagonismo da região de Machadinho no mundo do mate, tal como fizeram os pioneiros. Hoje, a erva-mate produzida na região atende ao mercado nacional e também à exportação para outros países consumidores.
Por isso, em 2024, ao completarmos trinta anos da APROMATE, celebramos uma importância grandiosa no ciclo ervateiro regional, trazendo desenvolvimento social, ambiental, cultural, turístico e econômico às pessoas que aqui vivem.
Parabéns, APROMATE, pelos trinta anos! Parabéns, produtores ervateiros! Obrigado por nos permitir viver esse momento. Como expressa o jargão local: “Cadeia Produtiva da Erva-Mate Região de Machadinho: conheça nossa história, viva nossas experiências.” Visitem-nos para um mate!
Entre em contato com Bruno Menegussi através do e-mail: bmenegussi@emater.tche.br