Por Raphael Lafetá, diretor-executivo de relações institucionais e sustentabilidade do Grupo MRV&CO
O déficit habitacional no Brasil afeta cerca de 5,8 milhões de famílias, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Alimentam essa situação o crescimento populacional e questões de políticas públicas e gestão, que tornam os projetos mais morosos e muitas vezes mais caros. Para enfrentar esse cenário, é necessário descomplicar processos e desenvolver soluções inovadoras que conectem o sonho da casa própria com a realidade do mercado.
A burocracia é uma das maiores barreiras. A emissão de alvarás e a falta de padronização nas diversas esferas governamentais criam obstáculos para o acesso a moradias de qualidade e custo acessível. Um ponto crucial para destravar esse cenário é a padronização das normas urbanísticas, arquitetônicas e a modernização dos processos de licenciamento.
Ao otimizar o uso do solo urbano e incentivar o reaproveitamento de terrenos subutilizados, podemos atender à crescente demanda de forma mais eficiente
Isso não significa abrir mão de qualidade ou segurança. Pelo contrário, deve ser uma oportunidade para adotar práticas mais eficientes. Na Suécia, técnicas de construção rápida, e na França, princípios como densidade, diversidade e eficiência energética, estão sendo usados para resolver problemas habitacionais. No Brasil, a construção pré-fabricada e modular demonstram potencial para reduzir os custos em até 20%, ao mesmo tempo que acelera a entrega de imóveis.
Essas abordagens inovadoras precisam ser combinadas com incentivos para desenvolver áreas já dotadas de infraestrutura. Ao otimizar o uso do solo urbano e incentivar o reaproveitamento de terrenos subutilizados, podemos atender à crescente demanda de forma mais eficiente.
Para superar o desafio, é necessário um pacto social que envolva governo, empresas e sociedade em uma ação coordenada que nivele a legislação nos diferentes níveis e que promova o diálogo constante entre os diversos agentes envolvidos. Alcançando essa sintonia e com a promoção de ambiente regulatório favorável, o Brasil tem a oportunidade de atender às necessidades de sua população, especialmente das famílias de baixa renda.