O sistema eleitoral brasileiro demonstrou outra vez ser a garantia de um processo limpo, transparente, seguro e ágil. Merece registro que um dos assuntos mais presentes na disputa de 2022, o questionamento quanto à confiabilidade das urnas eletrônicas, esteve ausente do rol de temas neste ano. Nenhuma candidatura relevante levantou dúvidas sobre a lisura da eleição ou espalhou informações falsas sobre a votação no Brasil. Nem antes nem depois dos dois turnos da disputa municipal.
Não há como anular completamente a produção e a disseminação de desinformação sobre temas relacionados à integridade das eleições. Sempre houve. Mas nenhuma suposta denúncia sobre fraude ou violação ao sistema, até hoje, mostrou-se verdadeira. Ainda assim, o submundo da internet e das redes sociais continuou um terreno fecundo para propagar fake news. O Sistema de Alertas de Desinformação Eleitoral (Siade) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contabilizou, entre junho e o último domingo, 5.234 notificações de postagens enganosas relacionadas ao pleito. Já o disque-denúncia da Corte, o SOS Voto, registrou 3.463 alertas. Nada, entretanto, que fosse capaz de causar uma agitação minimamente parecida à de dois anos atrás, devido agora à maior responsabilidade de candidatos e partidos.
Aguarda-se que, em 2026, o questionamento sobre a integridade das urnas seja, outra vez, um tema ausente entre as candidaturas
Fica ainda mais claro, como já era patente em 2022, que a contestação sobre a segurança das urnas eletrônicas por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro e seu entorno era somente uma estratégia inconfessável para desacreditar um resultado desfavorável e manter apoiadores mobilizados. Nenhum dos candidatos mais alinhados a Bolsonaro que concorreram neste ano adotou discurso semelhante. Espera-se, assim, que seja um assunto definitivamente encerrado e não volte a ser tema central das futuras eleições.
Isso não significa que a inviolabilidade das urnas eletrônicas não precise ser sempre testada ao máximo e, se necessário, que novas camadas de segurança sejam acrescentadas. Mas isso é feito regularmente, de forma transparente e pública, com fiscalização da sociedade, de instituições, especialistas e partidos. Hoje, há plenas garantias de que os resultados refletem o legítimo desejo da maioria, com respeito à soberania do voto popular, pilar da democracia.
O processo eleitoral do país mostrou, novamente, ser exemplar. A agilidade para a totalização e a divulgação do desfecho da eleição é, da mesma forma, modelar. Nos próximo dias será possível voltar a comparar com o modelo norte-americano. A eleição nos EUA para Casa Branca, Câmara dos Deputados, um terço do Senado e alguns governos estaduais ocorre na terça-feira. No dia 6 de outubro, data do primeiro turno do pleito municipal no Brasil, às 21h já haviam sido apuradas 98% das urnas. No último domingo, conforme balanço do próprio TSE, o resultado da eleição nos 51 municípios com segundo turno foi conhecido apenas duas horas e 15 minutos depois do fechamento das urnas. Aguarda-se que, em 2026, a integridade das urnas seja, outra vez, um tema ausente – a não ser para se celebrar os 30 anos de um sistema plenamente exitoso.