O resultado do pleito nos cinco municípios gaúchos onde os eleitores voltaram ontem às urnas confirmou, em linhas gerais, a tendência observada no primeiro turno, com predominância da reeleição ou mesmo da continuidade administrativa. No Estado e no país, o índice de recondução beirou os 80%. Em Porto Alegre e Caxias do Sul, os prefeitos Sebastião Melo (MDB) e Adiló Didomenico (PSDB) foram legitimados para mais quatro anos à frente do Executivo. Em Santa Maria, venceu o atual vice-prefeito, Rodrigo Decimo (PSDB). A exceção foi Canoas, onde o prefeito Jairo Jorge (PSD), duas vezes afastado do cargo pela Justiça, acabou derrotado por Airton Souza (PL). Apenas em Pelotas, que deu a vitória a Fernando Marroni (PT), a situação não disputava o segundo turno.
Chega o momento de os vencedores começarem a tratar das soluções para os problemas dos municípios e das demandas da população
Finalizada a eleição, chega o momento de os vencedores começarem a tratar das soluções para os problemas dos municípios e das demandas da população. Uma reeleição ou uma manutenção do mesmo partido no poder evidencia que a maioria dos eleitores aprovou a gestão colocada à prova pelo voto. Mas isso não significa que não existam inúmeras áreas que precisam avançar ou de uma mudança completa de rumo.
As campanhas eleitorais são a oportunidade do confronto de propostas, da discussão profunda sobre cada tema que afeta a vida dos cidadãos. Mesmo as candidaturas derrotadas deram contribuições importantes com ideias de como melhorar o atendimento da população em áreas como saúde, educação, transporte público e proteção contra alagamentos, no caso de centros urbanos mais suscetíveis a chuvas fortes ou enchentes. Não deve haver constrangimento dos vencedores de considerar algumas dessas proposições dos adversários e até adotá-las. O objetivo dos eleitos e reeleitos, afinal, é tornar melhor a vida dos governados, inclusive de quem votou em outro nome.
O caso do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, é ilustrativo. Como não haverá necessidade de transição, é conveniente dar logo a largada no encaminhamento de soluções de deficiências em várias áreas que o próprio chefe do Executivo admitiu que não conseguiu endereçar. São pontos que dizem respeito ao futuro da capital dos gaúchos e à qualidade de vida da população. No ensino, não é aceitável que a cidade permaneça como uma das piores capitais do país no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), criado para medir a qualidade da aprendizagem nas escolas do país. Melo tem ainda o dever de combater as filas na área da saúde e aliviar a angústia de quem depende do atendimento público e amarga longas esperas por consultas, exames e procedimentos.
Outro grande compromisso é robustecer a estrutura sob responsabilidade do município para evitar ou minimizar novos alagamentos. Embora grandes obras estruturantes, como os diques, não sejam atribuição da prefeitura, é sua obrigação garantir o funcionamento adequado das casas de bombas e assegurar a desobstrução de redes de escoamento da água da chuva.
A continuidade não pode ser sinônimo de um continuísmo que deixa de enfrentar os grandes desafios das cidades.