Ainda na noite de 6 outubro, data do primeiro turno das eleições de 2024, análises sobre a alta abstenção dividiam as atenções com a avaliação dos resultados do pleito. Foi um dos temas dominantes nos dias seguintes, com a busca por explicações para o fenômeno que mostra, nos últimos 20 anos, um aumento paulatino do índice de ausência de eleitores nas urnas. Neste domingo, 51 municípios brasileiros, sendo cinco no Rio Grande do Sul, terão segundo turno. São 15 capitais, com Porto Alegre entre elas. Este fim de semana é o momento de reforçar a mensagem da importância do voto como principal instrumento dos cidadãos para moldar o futuro do lugar onde vivem.
Este fim de semana é o momento de reforçar a mensagem da importância do voto
O apelo à conscientização e ao comparecimento é mais necessário no caso gaúcho, devido aos níveis da abstenção no primeiro turno superiores à média nacional. No país, a taxa foi de 21,68%. No Rio Grande do Sul, de 23,69%. Porto Alegre, Caxias do Sul, Canoas, Pelotas e Santa Maria, os cinco municípios rio-grandenses com eleição neste domingo, tiveram percentual de ausências superior ao observado em todo o Estado. A mais alta ocorreu em Canoas, 31,83%. Porto Alegre foi a capital brasileira com a maior ausência. Foram 345,5 mil pessoas, ou 31,51% dos eleitores aptos, que renunciaram ao exercício cívico de sufragar candidatos à prefeitura e à Câmara de Vereadores. Como já amplamente observado, foi uma quantidade superior até à votação do primeiro colocado. Não são números compatíveis com um Estado que se considera altamente politizado.
São variadas as razões elencadas para explicar o aumento da abstenção. Entre elas, a desilusão com a política e com os políticos, a facilidade para justificar o voto por meios virtuais, a multa baixa e o envelhecimento da população, uma vez que cidadãos com idade a partir de 70 anos não são obrigados a comparecer. No caso de algumas cidades gaúchas afetadas pela enchente, cita-se ainda a perda de documentos, dificuldades de locomoção ou a decisão de pessoas atingidas de mudar de cidade.
As explicações ainda serão mais bem analisadas pela ciência política, com a avaliação de dados quantitativos e qualitativos. Diante da crise de representatividade, em especial os partidos estão a dever um exame de consciência. Mas isso é para a partir de segunda-feira. Neste fim de semana, até o horário próximo do fechamento das urnas, às 17h de domingo, é dever de lideranças, candidatos, siglas, autoridades eleitorais, comunicadores e veículos de imprensa reiterarem a convocação dos eleitores para se dirigirem às suas seções. É relevante ainda repetir esclarecimentos básicos como o fato de que quem se absteve no dia 6 pode votar neste 27 de outubro.
Nas cidades com segundo turno, chega o momento decisivo de optar pelo nome que comandará o município pelos próximos quatro anos, com a responsabilidade de atender às demandas da população, solucionar problemas e encaminhar políticas públicas voltadas ao desenvolvimento e ao bem-estar. O voto, como referiu na quinta-feira a ministra Cármen Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), “é uma bênção democrática”. É um processo que define, a partir da soma das contribuições individuais, o destino de uma coletividade. Quem abre mão dessa prerrogativa deixa que outros decidam por si. Neste domingo, portanto, às urnas, eleitores!