É bem-vinda toda iniciativa voltada a reduzir os custos logísticos do Rio Grande do Sul. Este é o caso do chamado Porto Meridional de Arroio do Sal, um projeto privado a ser construído no Litoral Norte, com um custo inicial de R$ 1,3 bilhão. Um ato simbólico de assinatura do contrato de adesão do empreendimento foi realizado na sexta-feira, na Capital. Com o instrumento, a União concede ao empreendedor, a DTA Engenharia Portuária e Ambiental, o direito de implantar o projeto, já em fase de licenciamento ambiental.
O porto de Arroio do Sal, pela maior proximidade das regiões gaúchas mais industrializadas, encurta distâncias
Mesmo sendo um dos principais polos industriais do país, o Estado padece com uma infraestrutura de transportes onerosa. Dois exemplos são rodovias com capacidade inferior ao potencial da economia gaúcha e ferrovias sucateadas. O resultado é que, tanto para escoar como para receber insumos e mercadorias, dos mercados interno ou externo, os custos ficam mais elevados. Isso mina a competitividade das empresas instaladas no Rio Grande do Sul. Trata-se de uma circunstância que limita a atração de investimentos e leva grupos locais a estudarem opções de negócios, como novas plantas industriais, em outros Estados.
O Porto Meridional de Arroio do Sal, pela maior proximidade das regiões gaúchas mais industrializadas, como a Serra, que pode ser acessada via terrestre pela Rota do Sol, encurta essas distâncias. O empreendimento se torna uma nova opção para a economia gaúcha e tem o potencial de atrair inclusive cargas do Estado que são escoadas por Santa Catarina, onde há cinco portos. O projeto do Litoral Norte não deve ser considerado, ainda, um risco para o Porto de Rio Grande, na Zona Sul. A competição é saudável e força os agentes do mercado a serem mais eficientes e se mobilizarem para solucionar gargalos.
A expectativa dos envolvidos é de que a fase de licenciamento ambiental seja concluída no próximo ano e então as obras comecem, com previsão de término em 30 meses. Espera-se que não surjam contratempos e os prazos sejam cumpridos. Tanto a construção como a operação prometem robustecer a economia do Litoral Norte. O porto está projetado para ter uma capacidade de movimentar 5 milhões de toneladas de carga sólida e a granel, além de 800 mil toneladas de cargas líquidas, 1,8 mil toneladas de cargas gerais e 300 contêineres. Estimam-se 2 mil empregos diretos e 5 mil indiretos. Será necessário formar na região uma infraestrutura de acessos e estradas compatível com o grande movimento de veículos pesados que naturalmente acontecerá.
A logística é um calcanhar de aquiles das empresas gaúchas. A grande distância dos principais centros consumidores do país é agravada pelas condições longe do ideal de transportar bens e matérias-primas. Mas, aos poucos, surgem boas perspectivas. Há uma série de rodovias sendo duplicadas. O aeroporto Salgado Filho teve a ampliação da pista finalizada em 2022, o que com o tempo – e apesar do revés da enchente – levará ao maior uso do modal aéreo. Nos últimos dias, também surgiu a informação de que ferrovias sem uso pelas concessionárias serão devolvidas à União. Abre-se a oportunidade de novos operadores assumirem a malha no Estado. O Porto Meridional se soma a esses esforços e movimentos que podem tornar a economia gaúcha mais competitiva.