O segundo turno é a oportunidade para os candidatos aprofundarem as propostas e a chance de o eleitor buscar saber em maiores detalhes como cada concorrente, uma vez vencedor, pretende cumprir as promessas. É quando o voto da primeira fase da eleição pode ser consolidado ou mudado e o momento de disputar a preferência daqueles que escolheram um terceiro nome no primeiro turno. Ou ainda de buscar convencer os que se abstiveram de que merecem o sufrágio.
Os confrontos diretos entre apenas dois adversários ganham em dinâmica e dão mais tempo para esmiuçar proposições
Os cinco municípios gaúchos com mais de 200 mil eleitores – Porto Alegre, Caxias do Sul, Canoas, Pelotas e Santa Maria – terão segundo turno. O horário gratuito de rádio e TV começa hoje, assim como se iniciam ainda nesta semana os debates, como o realizado ontem, pela Rádio Gaúcha, entre Maria do Rosário (PT) e Sebastião Melo (MDB). Os confrontos diretos entre apenas dois adversários ganham em dinâmica e dão mais tempo para cada candidato esmiuçar proposições, assim como a propaganda e as inserções em tempos iguais veiculadas pelas emissoras. Os eleitores, no aguardo de soluções para os problemas reais de suas cidades, esperam mais propostas e menos ataques.
O primeiro debate do segundo turno na Capital teve momentos de embates duros, mas ainda assim dentro dos limites da civilidade, repetindo em linhas gerais o tom respeitoso dos encontros anteriores. Criticar o adversário, apontar problemas de gestão, falhas de atuação parlamentar e contradições políticas faz parte do jogo democrático. Nacionalizar a discussão, trazendo a polarização vigente no país para a eleição em Porto Alegre, também não era uma estratégia de todo inesperada. Convém observar, porém, que as disputas municipais se referem muito mais às questões locais do que às paixões ideológicas que dividem o país.
O eleitor das cidades onde o pleito será decidido no dia 27 de outubro está na expectativa por respostas exequíveis para desafios na saúde, na educação, no transporte público, na resiliência climática e na limpeza urbana, entre outros temas. Ao gastarem mais tempo fustigando o adversário, os candidatos desperdiçam espaços que seriam mais bem utilizados com ideias para resolver os problemas que inquietam a população. Maria do Rosário e Melo, ontem, em muitos momentos abdicaram de aprofundar suas propostas para trocar farpas. Agirão melhor se, nos próximos debates e nos espaços que terão a partir de hoje, derem ainda mais prioridade a projetos. Afirmar que tal problema será resolvido ou determinado serviço será melhorado sem demonstrar de forma didática como será feito e de onde sairão os recursos soa como promessa eleitoreira.
No primeiro turno, 166 mil votantes de Porto Alegre não teclaram os números da petista ou do emedebista. Esperam ser persuadidos a escolher uma segunda opção. Existem os que, sob novos argumentos, podem mudar o entendimento que tiveram no dia 6 de outubro. Outros 345 mil eleitores habilitados se ausentaram das urnas. Diz-se que a alta abstenção de quase um em cada três aptos a votar na Capital se deveu em boa medida à descrença na política. Superficialidades e ataques ao oponente não farão as pessoas que formam este grande contingente saírem de casa para votar.