O eleitor de Porto Alegre decidiu ontem, mesmo que por uma margem ínfima, que haverá um segundo turno para definir quem comandará a cidade entre 2025 e 2028. Definição semelhante foi tomada pelos votantes de Canoas, Caxias do Sul, Pelotas e Santa Maria, os outros quatro municípios do Estado que contavam com essa possibilidade. Na Capital, o prefeito Sebastião Melo (MDB), em busca de reeleição, voltará a enfrentar a deputada federal Maria do Rosário (PT) no próximo dia 27.
A democracia saiu vitoriosa pelo clima predominante de normalidade nas ruas e de civilidade entre concorrentes e apoiadores
Tão importante quanto tratar do desfecho da eleição até aqui é reconhecer que, excetuando-se episódios pontuais, a democracia saiu vitoriosa pelo clima predominante de normalidade nas ruas e de civilidade entre concorrentes e apoiadores. Ao final da tarde de ontem, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS) contabilizava somente 83 ocorrências policiais, metade por boca de urna. É um número reduzido levando-se em consideração que se tratou de um evento que mobilizou todos os 497 municípios do Estado. Foi digna de nota, também, a agilidade da Justiça Eleitoral na apuração dos resultados.
O próprio pleito da Capital foi modelar no quesito urbanidade. Uma cena que simbolizou essa cordialidade, a despeito de diferenças políticas e dos embates naturais ao longo da campanha, foi o cumprimento cortês entre Melo e Maria do Rosário, ontem pela manhã, quando se encontraram no estúdio móvel da Rádio Gaúcha, na PUCRS, onde concederam entrevistas. Em nada lembra, por exemplo, o baixíssimo nível da eleição em São Paulo, maior e mais rica cidade do país, manchada por agressões e acusações falsas.
O segundo turno é uma oportunidade para os candidatos aprofundarem as suas propostas. Ganham os eleitores, que passam a ter melhores possibilidades de conhecer em detalhes os projetos dos concorrentes, sem a atenção diluída que ocorre no primeiro turno devido ao maior número de postulantes ao Executivo e às Câmaras de Vereadores. Os tempos nos horários gratuitos de TV e rádio, a partir do dia 11, são iguais, o que confere maior paridade de armas e facilita comparações. Deve o eleitor atentar especialmente para a viabilidade das proposições apresentadas. Por parte dos candidatos, cabe ainda explicar sempre de onde sairão os recursos para honrarem as promessas.
Em Caxias do Sul, o segundo turno será entre Mauricio Scalco (PL) e Adiló Didomenico (PSDB). Em Canoas, será Airton Souza (PL) contra Jairo Jorge (PSD). Fernando Marroni (PT) e Marciano Perondi (PL) se enfrentarão em Pelotas, e Valdeci Oliveira (PT) e Rodrigo Decimo (PSDB) em Santa Maria. A disputa direta entre dois candidatos oferece ainda a chance de debates mais produtivos e menos truncados. Por outro lado, cria maior possibilidade de acirramento de ânimos. Mas espera-se que o alto nível da campanha se repita ao longo das próximas semanas, com a priorização do confronto de propostas. Os embates podem ser duros, desde que respeitosos. Os eleitores aguardam soluções para os problemas das cidades. Acusações e ataques pessoais não resolvem as carências que os cidadãos esperam ver resolvidas.