Por Daniel Randon, presidente da Randoncorp e do Conselho do Transforma RS
Como participante do Fórum da Liberdade, sob o tema “Admirável mundo livre?”, com recorde de público, tive a oportunidade de compartilhar reflexões sobre ESG e a importância dos investimentos em inovações e tecnologias para tornar as empresas mais sustentáveis. Refiro-me tanto à sustentabilidade econômica, na qual lucro é um dos pilares, quanto à social e à ambiental. Um conceito não exclui os outros. Econômico, social e ambiental precisam andar juntos. É o “e”, e não o “ou”.
É importante lembrar que a preservação dos recursos naturais foi uma iniciativa voluntária, que começou, principalmente, por lideranças e empresas. O movimento espontâneo já está incorporado ao universo corporativo, em uma corrente que se fortalece em diferentes ritmos.
Em sua fala no Fórum da Liberdade, o renomado ativista ambiental Michael Shellenberger destacou que “em muitas economias desenvolvidas, as emissões de carbono estão diminuindo e as mortes por condições climáticas extremas reduziram-se significativamente, o que enfraquece a perspectiva de um superaquecimento global, indicando um avanço em direção a uma matriz energética mais limpa”.
Meio ambiente requer mais incentivos e menos controle burocrático
Ainda assim, é fundamental continuarmos vigilantes contra qualquer ameaça ao meio ambiente. O bom senso e a consciência são essenciais para um convívio harmonioso entre o desenvolvimento e a natureza.
As novas regulamentações em tramitação, entretanto, podem ter impacto negativo na situação ambiental vigente. É o caso do Projeto de Lei 182/2024, que institui o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE). O mesmo vale para a Resolução 193 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que estabelece a adoção das normas emitidas pelo International Sustainability Standards Board (ISSB) como padrão para as companhias brasileiras.
Fica o desafio para que o papel da regulamentação não deva ser apenas punitivo, mas que busque o viés do incentivo a uma produção mais sustentável, o que significa um empreendedorismo responsável.
A imposição de mais normas pode levar ao aumento do mercado informal, prejudicando as empresas que respeitam as regras e gerando uma competição desigual. Empresas de capital aberto, por exemplo, terão que investir ainda mais em suas estruturas de governança.
Somos todos habitantes do mesmo planeta e temos de preservá-lo. Contudo, é necessário encontrar um equilíbrio entre a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico e social, levando em conta também a integridade daqueles que produzem bens e serviços.
Inspirados no Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, podemos construir um futuro mais próspero e livre, refletindo sobre as recentes e adequadas discussões promovidas pelo Fórum da Liberdade.