Por Michel Gralha, advogado
A forma como se vilipendia a inteligência e a resistência de uma nação tem características sutis e, na maioria das vezes, imperceptíveis. Na corrida do cotidiano, por óbvio, não temos tempo para nos preocuparmos com tudo que o governo faz por ou contra nós. Em última análise, olhando para os nossos umbigos, definimos as gestões públicas como boas ou ruins pelo impacto direto nas nossas vidas, e não na sociedade. Assim, torna-se muito mais fácil para aqueles que querem nos ludibriar.
Entreguem os cheques-presente, mantenham as pessoas entretidas e tudo bem
Vejam, basta uma política assistencialista pontual para que uma fatia importante da população, geralmente com significativo número de eleitores, transforme um governante em alguém melhor. Essa camada da sociedade necessitaria de assistência médica, educação e segurança, mas isso é quase utópico. Entreguem os cheques-presente, mantenham as pessoas entretidas e tudo bem.
Como em um passe de mágica e com o dinheiro alheio, transformam necessidades em benefício de curto prazo. Trata-se de uma exploração nefasta. À medida que o Estado favorece alguém ou algum setor, transforma um dissidente em apoiador. Simples, rápido e rasteiro.
Deixamos de perceber que o bom para nós pode ser ruim para a sociedade e para o futuro. Mas é do jogo! Sempre foi assim, e os governantes sabem disso. Provavelmente, depois de tantos prejuízos impostos à sociedade no ano que passou, principalmente na área tributária, teremos um despejo de recursos para, artificialmente, melhorar nossas vidas e a economia. Há quanto tempo passamos por isso?
Não cansam de bater na população, nos nossos ordenamentos jurídicos e econômicos, na nossa resiliência, e, mesmo assim, acabamos não quebrando para sempre. Como diz o ditado popular, “brasileiro não desiste jamais” e precisará manter essa força; caso contrário, tudo estará perdido. Acredito que este ano será melhor, sou otimista, precisamos ser. Nossa economia melhorará e espero que tenhamos queda de desemprego e inflação. Viver iludido é lamentável, mas com a atual realidade, talvez seja nossa única alternativa.